»» Artigos Diversos |
No Antigo Testamento, Deus escolheu um povo e fez aliança com ele. O
povo de Deus foi governado por juízes-sacerdotes e posteriormente por
reis. A função principal dos juizes e reis era manter o povo fiel à
aliança. A fidelidade à aliança, no Antigo Testamento, não conseguia
salvar alguém, mas conseguia impedir a condenação. A salvação viria
posteriormente com a encarnação, paixão, morte e ressurreição de Jesus.
Contudo, quem se manteve fiel à aliança no Antigo Testamento, após a
morte, ficou aguardando, na mansão dos mortos, a morte de Jesus na cruz
para poder entrar no céu.
Com a morte e ressurreição de Jesus a salvação foi colocada à disposição
de todos. Jesus instituiu os sacramentos que são os meios revelados de
salvação. É através dos sacramentos que a redenção de Jesus se torna
eficaz em cada pessoa individualmente. Os sacramentos foram confiados à
Igreja. A direção da Igreja foi confiada a Pedro: Em resposta, Jesus
disse: "Feliz és tu, Simão filho de Jonas, porque não foi a carne nem o
sangue quem te revelou isso, mas o Pai que está nos céus. E eu te digo:
Tu és Pedro e sobre esta pedra construirei a minha Igreja e as portas do
inferno nunca levarão vantagem sobre ela" (Mt.16,17-18). Jesus não vendeu
a Igreja a Pedro e nem deu algum tipo de franquia para Pedro ou algum
outro abrir sua própria igreja. Jesus fundou uma só Igreja e somente
aquela que foi confiada a Pedro é a verdadeira Igreja de Jesus. Os
sacramentos foram instituídos por Jesus somente dentro da sua Igreja e,
portanto, somente a verdadeira Igreja de Jesus pode distribuir
sacramentos válidos.
Jesus teve aproximadamente cento vinte discípulos: "Naqueles dias,
levantou-se Pedro no meio dos irmãos – estava reunida uma multidão de
umas cento e vinte pessoas – e disse..." (At 1,15). Entre os discípulos,
Jesus escolheu doze apóstolos. Entre os doze apóstolos, Jesus escolheu
Pedro para presidir a Igreja. A Igreja é fundada sobre a pessoa de
Pedro: "E eu te digo: Tu és Pedro e sobre esta pedra construirei a minha
Igreja e as portas do inferno nunca levarão vantagem sobre ela"
(Mt.16,18). Jesus sabia ler e escrever e, se quisesse, podia ter
redigido sua doutrina de forma perfeita, entregando uma cópia do texto
escrito por Ele para cada um dos discípulos e discípulas, junto com um
contrato de franquia, e autorizá-los a cada abrir a sua igreja,
prometendo salvar a todos aqueles que se filiassem a uma das inúmeras
igrejas que surgissem, contanto que se mantivessem fiéis à doutrina
contida no livro por Ele escrito. Mas não foi isto que Jesus fez. Jesus
fundou uma só Igreja e a entregou à autoridade de um só homem. Não
importa se todos concordam ou não com isto. Quem quiser ser fiel a Deus,
tem que aceitar a decisão de Jesus.
A vida, neste mundo, é curta para todos. Pedro também não durou muito.
Menos de quarenta anos após a morte de Jesus, ele foi ao encontro do
Mestre no céu (ano 64-67). Mas Jesus deu à sua Igreja a garantia que ela
subsistiria até ao fim dos tempos: "as portas do inferno nunca levarão
vantagem sobre ela" (Mt 16,18b). Por isto, dado que a Igreja tem garantia
divina de subsistência até ao fim dos tempos e Pedro morreu antes do fim
dos tempos, é necessário que, ao morrer o primeiro papa, outro tome o
seu lugar. Assim, chegamos até o papa atual e, até ao fim dos tempos,
sempre haverá alguém presidindo a Igreja fundada por Jesus Cristo.
A garantia de subsistência da Igreja fundada por Jesus até ao fim dos
tempos, não está ligada à santidade da pessoa do papa. Mesmo que,
eventualmente, surja algum papa cuja vida pessoal deixe a desejar, a
garantia de subsistência da Igreja permanece. O próprio Pedro foi
criticado por São Paulo por causa de uma atitude incoerente: "Mas quando
Cefas veio para Antioquia, opus-me a ele abertamente porque era digno de
censura. Pois, antes de chegarem alguns da parte de Tiago, comia com os
pagãos. Mas quando eles chegaram, se retraía e se afastava, com medo dos
circuncidados. E os demais judeus o acompanharam na mesma
inconseqüência, tanto que até Barnabé se deixou arrastar por eles. Mas,
quando vi que não procediam com retidão segundo a verdade do Evangelho,
disse a Cefas na presença de todos: “Se tu, sendo judeu, vives como
pagão e não como judeu, por que obrigas os pagãos a adotar os costumes
judaicos?”" (Gl 2,11-14). Paulo censurou Pedro, mas não contestou a sua
autoridade como chefe da Igreja.
Ao escolher uma pessoa, Deus lhe infunde o Espírito Santo, para que
exerça sua missão corretamente. A assistência do Espírito Santo não o
liberta de eventuais perseguições e imprevistos. Pedro morreu mártir e
não foi o único papa a dar glória a Deus através do martírio. João Paulo
II também passou por um sofrimento equiparável ao martírio no atentado
de 1981. O atentado foi planejado exatamente para atingir aquele que
preside a Igreja. Se a Igreja de Jesus estivesse sendo presidida por
outro homem, este teria sido a vítima do atentado. Assim será até ao fim
dos tempos. Deus escolherá homens para dirigir a sua Igreja. Estes
homens deverão santificar-se conduzindo o rebanho de Jesus com
fidelidade, apesar de seus defeitos pessoais, e entre incompreensões e
perseguições. Quem quiser salvar-se deverá procurar os meios de salvação
- os sacramentos - confiados por Jesus à sua Igreja, independentemente
de concordar ou não com o papa que a dirige.