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O PAPA E O FAUSTÃO
Fonte: Lista "Reflexões"
Transmissão: Antonio Xisto Arruda

Qualquer católico, com um mínimo de formação, sabe o quanto é grande a ignorância de certos jornalistas em termos de matéria religiosa. Por certo, tais profissionais não são culpados, já que as diretrizes de hoje dão prioridade a temas bem mais materialistas (economia, política...), relegando praticamente a último plano a temática espiritual.

No entanto, há "raros momentos de prazer". Sem dúvida, um destes momentos foi a crônica "O Papa e o Faustão", de Carlos Heitor Cony, publicada na Folha de São Paulo, em 30 de agosto de 1997.

Apenas para situar o leitor dentro do contexto histórico, a brilhante crônica foi feita pouco tempo antes da vinda do Papa João Paulo II ao Brasil, onde se realizaria o "Encontro com as famílias". Naquela época, não faltavam jornalistas "modernos" atacando as "posições conservadoras do Papa", em relação a temas como aborto, casamento homossexual e outros.

Coube a Carlos Heitor Cony dizer que:

  1. Não eram posições apenas do Papa, mas de toda a Igreja:

      "Para liderar uma Igreja que atravessa 20 séculos de história e se considera depositária de uma verdade religiosa e moral, o papa não pensa por si nem pode agir de acordo com as verdades provisórias da sociedade. Quando é eleito, ele se obriga a defender uma verdade. Uma verdade que não pode ser colocada periodicamente em leilão para saber qual a mais mercadológica, a mais moderna, a que dá mais ibope. Se tudo der errado, ele deve voltar às catacumbas, como os primeiros papas, para continuar professando a fé pela qual está disposto a sacrificar a vida (os primeiros 50 papas foram assassinados pelos imperadores romanos)."

  2. As verdades de fé não são definidas por algúem, mesmo que este alguém seja uma maioria. Um fiel católico, ao aceitar um dogma, aceita não porque lhe agrada ou agrada a todos, mas porque se trata de uma verdade revelada, de origem divina. Logo:

      "Há uma diferença fundamental entre um papa e o Faustão, por exemplo. O papa não pode oferecer dois números de telefone para o 'sim' ou o 'não'. Disque tal número se concorda, disque esse outro se discorda. O placar decidirá a questão".

  3. Se a Igreja ganha ou perde seguidores, nem por isso a Sã Doutrina há de ser mudada:

      "Se a religião da qual é o líder e guardião está perdendo adeptos, o problema é dos adeptos, não dele. Se ficar falando sozinho, aí sim, o problema será dele. Mas a religião que professa começou exatamente assim: com uma voz clamando no deserto."

E que ninguém mais (jornalista ou não, católico ou não) desconheça a real função de um Papa!