A g n u s D e i
QUESTIONANDO OS EVANGÉLICOS
7.O Batismo é apenas para os crentes? Não pode ser ministrado às crianças?
Eis uma resposta complicada. Primeiramente, as Escrituras não
endossam nem condenam explicitamente o Batismo das crianças. A Igreja
histórica sempre acreditou no Batismo das crianças. Os Reformadores Lutero e
Calvino também acreditaram ser apropriado batizar crianças. Os Anabatistas
foram alguns dos primeiros após a Reforma a condenarem o Batismo das
crianças (embora existissem algumas poucas seitas antes da Reforma que
não o praticavam).
Os argumentos contra o Batismo das crianças são que as
pessoas mencionadas como tendo sido batizadas por João Batista eram
adultos arrependidos. No seu sermão de Pentecostes Pedro disse:
"Arrependei-vos e batizai-vos". Quem sustenta que o Batismo é apenas para os
crentes, diz que não podendo as crianças se arrependerem,
não lhes é apropriado o Batismo.
Aqueles que defendem o Batismo das crianças citam passagens dos Atos dos Apóstolos,
onde famílias inteiras, como a de Cornélio e a de Lídia, eram batizadas,
o que supostamente inclui as crianças. Um outro argumento a favor do
batismo das crianças vem da comparação do Batismo com a circuncisão:
"Nele também fostes circuncidados com circuncisão não feita por
mão de homem, mas com a circuncisão de Cristo, que consiste no despojamento
do vosso ser carnal. Sepultados com ele no Batismo, com ele também
ressuscitastes por vossa fé no poder de Deus, que o ressuscitou dos mortos"
(Col 2,11-12).
Na Antiga Lei, no oitavo dia as crianças do sexo masculino eram
recebidas e lhes era dado o sinal da circuncisão da Antiga Lei. Já que o
Novo Testamento é uma Lei mais abrangente do que a Antiga, incluindo homens
e mulheres, judeus e gentios, o Batismo das crianças é mais apropriado a dar
às crianças o Signo da Nova Lei (o Batismo). Com efeito, Jesus disse:
"Deixai vir a mim as criancinhas e não as impeçais, porque o Reino
de Deus é daqueles que se parecem com elas" (Lc 18,16).
O "se parecem com elas" de que Jesus falou eram criancinhas que o povo
trazia para ele abençoá-las. Assim, os Pedobatistas vêem
nas palavras de Jesus um argumento a seu favor.
Registros históricos confirmam que a prática do Batismo das crianças
era geralmente a norma. No segundo século, Irineu escreveu a primeira
declaração sobre a prática na Igreja do Batismo das crianças:
"Ele (Jesus) veio para salvar a todos através dele mesmo,
isto é, a todos que através dele são renascidos em Deus: bebês, crianças, jovens e
adultos. Portanto, ele passa através de toda idade, torna-se um bebê para
um bebê, santificando os bebês; uma criança para as crianças,
santificando-as nessa idade...(e assim por diante); ele pode ser o mestre
perfeito em todas as coisas, perfeito não somente manifestando a verdade,
perfeito também com respeito a cada idade" (Contra Heresias II,22,4 (ano
189)).
Irineu declarou que as crianças cristãs renascem. Como podem
renascer se não têm a capacidade (pelo que sabemos) para exercer a fé?
Previamente já vimos que isso acontecia pelo Batismo. Irineu mesmo nasceu
numa família cristã, por volta do ano 140, em Esmirna, uma das Igrejas
mencionadas no Apocalipse (Ap 2,8). Os historiadores pensam que Irineu foi
provavelmente batizado por Policarpo, que foi o bispo de Esmirna. Policarpo foi
mártir e discípulo pessoal de João, o Apóstolo. Parece-nos improvável que
ele tivesse batizado crianças se fosse impróprio e se tivesse ouvido de
João instrução diferente. No ano 215, Hipólito escreveu:
"Onde não há escassez de água, a água corrente deve passar pela
fonte batismal ou ser derramada por cima; mas se a água é escassa, seja em
situação constante, seja em determinadas ocasiões, então se use qualquer
água disponível. Dispa-se-lhes de suas roupas, batize-se primeiro as
crianças, e se elas podem falar, deixe-as falar. Se não, que seus pais ou
outros parentes falem por elas" (Tradição Apostólica 21,16).
Diz-se que Hipólito instruiu às crianças que tivessem capacidade
falarem por elas mesmas. Isso parece muito com as crianças levadas a Jesus,
em Lucas 16,15. Finalmente, Orígenes fez uma firme declaração com respeito
a origem apostólica do batismo das crianças:
"A Igreja recebeu dos apóstolos a tradição de dar Batismo mesmo às
crianças. Os apóstolos, aos quais foi dado os segredos dos divinos
sacramentos sabiam que havia em cada pessoa inclinações inatas do pecado
(original), que deviam ser lavadas pela água e pelo Espírito" (Comentários
sobre a Epístola aos Romanos 5,9 (ano 248)).
Finalmente, eis uma interessante citação do eminente Teólogo
Protestante Dr. R.C. Sproul, em "Verdades Essenciais da Fé Cristã", com
relação ao batismo das crianças:
"A primeira menção direta ao Batismo das crianças se vê por volta
do meio do segundo século. O que é digno de nota sobre esta menção é que
concorda que o Batismo das crianças era uma prática universal da Igreja. Se
o Batismo das crianças não estivesse em prática no primeiro século da
Igreja, como e por que começou como doutrina ortodoxa tão cedo e tão
generalizadamente? Não somente foi uma rápida e universal disseminação, mas
a literatura sobrevivente daquele tempo não demonstra nenhuma
controvérsia a respeito desse costume".
Concordando pelo batismo das crianças, Dr. Sproul usa como argumento
final a palavra tradição com "T" maiúsculo. Em seu sumário, nas palavras finais se
lê:
"A história da Igreja sustenta o testemunho da prática universal e não
controvertida do Batismo das crianças no segundo século".
- Por que você negaria as bênçãos do Batismo para as suas crianças
quando a Bíblia não o proíbe, e é prática universalmente aceita pela Igreja
histórica e até mesmo pelos Reformadores Lutero e Calvino?