A g n u s D e i

A FÉ DA FAMÍLIA
Transmissão: Antonio Xisto Arruda

O cristianismo das origens cresceu entre as paredes domésticas, tornando manifesta a semelhança que existe entre o projeto de Deus que chama todos à única casa do Pai e a experiência da convivência familiar sob o mesmo teto. Em Éfeso, junto ao casal Áquila e Priscila (cf. Rm l6,5), em Corinto na casa de Gaio (cf. 16,23), em Colossos na casa de Filémon (cf. Fil 4,22) e em Roma nas casas dos Patrícios convertidos ao Evangelho - chamadas basílicas - as comunidades das origens foram igrejas domésticas.

"Fazei da vossa casa uma Igreja!", auspicava S. João Crisóstomo, propondo uma experiência genuína de cristianismo.

O Futuro da Humanidade passa pela Família

Refazer a trama cristã da sociedade humana é a missão da Igreja, especialmente neste momento histórico, em que parece sempre mais evidente a perda da originalidade cristã com a tendência a ceder à mentalidade atual e comum.

A fé, de fato, hoje mais do que nunca, parece desraizada dos momentos mais significativos da vida dos homens; manifesta-se esporadicamente, e por vezes ligada ao âmbito privado e intimístico.

A prática religiosa é mais ligada as tradições e costumes que a uma autêntica vida de fé.

Refazer a prática religiosa da sociedade será possível se os cristãos souberem superar em si mesmos a ruptura entre o Evangelho e a vida, recompondo na própria atividade quotidiana, a qualidade de uma vida que no Evangelho encontra inspiração e força para realizar-se.

O Concílio Vaticano II afirma: "O distanciamento, que se constata em muitos, entre a fé que professam e a sua vida quotidiana, deve considerar-se entre os maiores erros do nosso tempo" (GS 43).

Qual o Rumo da Família de Hoje?

Também entre as famílias cristãs se pode constatar uma vida sem fé. Trata-se do modo de viver muito oportunístico e dicotômico. Nos momentos mais difíceis, a fé torna-se o porto seguro, a passagem obrigatória para obter aquilo que necessitamos... Noutros, pode ser o bem-estar, o sucesso, a serenidade; mas, a fé já não interessa...

E, não é difícil ouvir afirmações como esta:

  • "Mas o que tem a ver a fé com a minha vida?"
  • "O que tem a ver a Igreja com as minhas decisões?"
  • "Porque teria que escutar os ensinamentos do Papa, dos Bispos, dos padres sobre questões pessoais e ou familiares?"

É indispensável "chegar e diríamos subverter através da força do Evangelho os critérios de juízo, os valores determinantes, os pontos de interesse, as linhas de pensamento, as fontes inspiradoras e os modelos de vida da humanidade, que são em contraste com a palavra de Deus e com o plano de salvação" (EN 19).

Será suficiente fazer referimento:

  • Ao difundir-se de uma visão imanente do homem, do mundo, da história.
  • Ao reaparecer da visão nihilista, dos resultados opostos do desespero, da violência e da indiferença do existir.
  • À explosão da subjetividade radical que se traduz no primado do individualismo, da exasperação das necessidades, do princípio do ter.

É verdade que hoje parece emergir uma nova pesquisa religiosa.

É preciso, todavia estudar atentamente sua valência para compreender até que ponto se trata de uma busca de fé ou de religiosidade, que a este ponto deveria ser bem orientada e purificada.

O empenho de promover uma fé adulta e de famílias adultas na fé é o objetivo principal da nova evangelização no sentido de uma renovada fidelidade ao Evangelho de Jesus.

A Força do Evangelho para a Família Cristã

Desta confusão, através a força do Evangelho, tem urgente necessidade também a família: fronteira decisiva da nova evangelização.

A comunidade familiar precisa de escutar sempre mais profundamente as palavras autênticas que lhe revelam a sua identidade, seus recursos interiores a importância da sua missão na cidade dos homens e na cidade de Deus.

A família é chamada verdadeiramente a tornar-se "espaço onde o Evangelho é transmitido e do qual se irradia. Portanto, no íntimo duma família consciente desta missão, todos os componentes evangelizam e são evangelizados" (FC 52).

É muito importante assumir a dimensão da família como Igreja laical. A família cristã tem a sua própria profecia, o seu culto, a sua pastoral. Os pais devem estar convencidos deste ministério. Devem preparar-se para tal ministério. Devem formar-se educadores cristãos.

Qual é o específico deste ministério ou serviço? Pode ser traduzido desta forma: A família tem a tarefa de humanizar a história e de revivificar a Igreja.