A g n u s D e i

DERRUBADOS NO ESPÍRITO
Fonte: Lista "Tradição-Católica"
Transmissão: Antonio Xisto de Arruda

Em nenhuma passagem do Novo ou Velho Testamento vemos essas práticas de cristãos serem tocados por um outro cristão e caírem no chão supostamente derrubados no Espírito. Novamente, estas práticas são freqüentemente vistas por aí. Na Bíblia encontramos duas passagens a respeito do assunto "cair":

  • A primeira, quando os soldados vieram prender Jesus no jardim de Getsêmani onde Ele se encontrava; e quando Jesus os perguntou "por quem procuram?" (Jo 18,4), eles responderam, "Jesus de Nazaré". Ao Jesus lhes responder "Eu sou Ele", eles caíram no chão (Jo 18,6). Isto é, o poder de Deus é capaz de nos jogar por terra; mas é preciso averiguar e concluir que os soldados não eram cheios do Espírito Santo. Muito pelo contrário, eles, embora tivessem caído no chão, aparentemente por causa do poder que Jesus carregava com Ele, ainda assim prenderam Jesus e O levaram a ser julgado e crucificado. Um detalhe peculiar para observarmos é que estes soldados caíram para trás (sinal de resistência à Cristo) e não de frente, prostrados e rendidos a Ele.

    Certamente eles sabiam que havia algo especialmente poderoso com Jesus mas eles não O reconheciam como o Filho de Deus. As palavras de Jesus "Eu sou Ele", que teria revificado e erguido os Seus discípulos, aos Seus inimigos os jogou por terra. Desta forma é extremamente imprudente fazer disso uma prática baseada em doutrina fabricada e deturpada no meio cristão.

    Se esta passagem bíblica servisse como uma justificativa plausível, dada pela prática constante de ficarem caindo pelo chão durante o culto, supostamente com a finalidade de sabe-se lá o que, a Bíblia teria outras passagens para sustentar a validade deste exercício e portanto a sua necessidade. As igrejas tentam fazer as pessoas crerem que esta experiência traz o poder do Espírito Santo em suas vidas, ou mostra a atuação do Espírito Santo na nossa vida, quando que a lógica nos faz ver que, se isso fosse verdade, o mínimo que deveríamos esperar é que mediante a tal experiência a pessoa é levada no mínimo à conversão; pois nada resiste à presença do Espírito de Deus. Mas não foi o caso dos soldados no jardim de Getsêmani perante Jesus. Não há na Bíblia registro de nenhum efeito que isso tenha causado nestes soldados, exceto a evidência da resistência deles à Cristo (do contrário eles teriam caído de frente prostrados a Ele em reverência e nem O tinham levado preso), e o fato de que eles continuaram em sua missão de levar Jesus preso, nos mostra que tal experiência não pode servir como justificativa para estas práticas extravagantes de ficarem caindo pelas igrejas, e outros locais(?), supostamente derrubados pelo Espírito.

    Esta prática parece querer provar que estão sob o poder do Espírito de Deus; entretanto estar sob o poder do Espírito Santo só pode ser provado na vida cotidiana de um crente, que anda diária e continuamente dominado pelo Espírito de Deus.

  • A segunda passagem é a de Paulo na estrada a caminho de Damasco (At 9,4) que "caíra por terra" ao se deparar com a presença resplandecente de Jesus.

    Novamente, Paulo naquele momento era inimigo de Cristo. Não havia nenhum evangelista ou pastor lá no momento pondo a mão sobre ele, nem nós ouvimos dessa experiência repetida depois da sua conversão. Paulo teve um encontro pessoal com Jesus Cristo quando o Senhor lhe apareceu e falou com ele audivelmente durante esta experiência.

Não vemos em nenhuma outra parte do Antigo ou Novo Testamento onde as pessoas, em suas congregações e reuniões põem um a mão sobre a cabeça do outro e as pessoas caem derrubadas no Espírito. Leiamos e averigüemos os fatos para que não sejamos jogados de um lado e para o outro por todos os ventos de doutrina corrupta e enganosa (Ef 4,14).