A g n u s D e i

JESUS RENUNCIOU SUA MÃE?
Fonte: Gehena Home Page
Tradução: Carlos Martins Nabeto

Os anti-católicos muitas vezes não compreendem ou interpretam certas passagens bíblicas de modo a ridicularizar as doutrinas católicas. Eles adoram fazer isto especialmente no que diz respeito à Virgem Maria. Uma de suas passagens favoritas é a de Mateus 12,46-50:

    "Falando ele ainda à multidão, sua mãe e seus irmãos estavam no lado de fora, pretendendo falar-lhe. Disse alguém: 'Tua mãe e teus irmãos estão lá fora e querem falar-te'. Porém ele respondeu: 'Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?' E, estendendo a mão para os discípulos, disse: 'Aqui estão minha mãe e meus irmãos, pois todo aquele que fizer a vontade de meu Pai que está nos céus, esse é meu irmão, irmã e mãe'".

O anti-católico fará diversas afirmativas contrárias à compreensão tradicional deste "incidente" que encontra pouco suporte - se é que existe algum - no próprio texto. Ele dirá que estes "irmãos" são filhos de Maria, ainda que ela jamais seja chamada de mãe deles e as famílias numerosas daquela época usual e honradamente chamavam aos parentes de "irmãos"; de fato, a limitação linguística daquele povo requeria tal designação. O crítico também sustentará que Maria e sua família estavam irritando Jesus, tentando interrompê-lo. No entanto, parece que Jesus aproveita sua aparição como oportunidade especial para falar sobre o parentesco espiritual que é superior ao parentesco de sangue. Além disso, o adversário religioso irá sugerir que Jesus está tirando a função intercessória e a honra devidas a Maria. Ele dirá que Jesus aponta sua mão para seus discípulos e não para Maria, como se isto provasse sua afirmação anterior. O que ele, porém, "esquece" de apreciar é a real possibilidade de Maria e seus irmãos serem contados entre seus muitos seguidores e/ou discípulos. Observe que a multidão reconhece Maria e os irmãos. O povo já está familiarizado com eles. Por que teriam vindo? Os "irmãos" acompanhavam Maria que, como qualquer outra boa mãe, está preocupada com seu Filho. De Belém ao Calvário, ela nunca O abandonou. Nem todos estão felizes com Jesus: Ele tem castigado seus ouvintes chamando-os de "uma geração má e adúltera"; aos fariseus, diz que estão "blasfemando contra o Espírito Santo". Estas pessoas estão quase sempre procurando vingança. Maria não veio calá-Lo, mas é solidária com Ele.

Aqueles que não gostam da Mãe de Jesus negarão que Jesus está glorificando-a. Eles se recusam a compreender que Maria foi a primeira seguidora de seu Filho. Como a serva do Senhor, ela confirmou a mensagem de um anjo e recebeu o Salvador em seu ventre. Ela é a precursora de todos os discípulos por ouvir e fazer a vontade de Deus. Por incrível que pareça, existe uma outra passagem que prova esta afirmativa e e também é usada por certos fundamentalistas para depreciar Maria: trata-se de Lucas 11,27-28.

    "Dizendo ele estas coisas, uma mulher dentre a multidão levantou a voz, e lhe disse: 'Bem-aventurado o ventre que te trouxe e os seios em que te amamentaste'. Mas ele disse: 'Antes bem-aventurados são os que ouvem a palavra de Deus e a guardam'".

Jesus não está humilhando a maternidade de Maria. De fato, Ele está novamente elevando-a como uma daquelas pessoas em que o Verbo tinha plena realização, porque ela acaba sendo um modelo para os outros. Se realmente ouvimos as Boas Novas, também damos à luz a Jesus em cada uma e em todas as gerações; outros verão e perceberão que Ele realmente vive e reina através de seus discípulos. Repare também que, como Fruto do ventre de Maria, a verdadeira honra tributada pela mulher da passagem acima citada se dirige diretamente a Jesus. A humildade de Cristo não permite que Ele perca tempo ou faça uma admiração vazia. Durante sua vida mortal, Ele desejou ser elevado numa Cruz, não por bajulação, mas pelos nossos pecados. Ele redireciona a atenção de seus ouvintes para o seu verdadeiro e real significado: a Palavra Viva de Deus. Ele convida a multidão para a receptividade e obediência.

Tais questões, como a relevância e a função de Maria, são muitas vezes deliberadamente distorcidas nos estudos bíblicos anti-católicos. Respostas pré-fixadas são preparadas para seduzir os católicos simples e os protestantes mais acomodados. Modificando a interpretação tradicional da Bíblia - confiada à Igreja Católica até hoje - tais pessoas tentam assegurar a existência de uma outra verdade. Eis um de seus muitos erros... Desprezando qualquer tipo de ensino definitivo sob a autoridade da Igreja Católica, eles reduzem o significado das passagens bíblicas para que estas venham a concordar com suas interpretações pessoais, afirmando que trata-se de um ensinamento óbvio para todos, muito embora discordem da opinião de outros fundamentalistas sobre outras (e até as mesmas) passagens e doutrinas, ainda que sejam tão claras quanto um cristal.

Ultimamente, por causa dos rumores de que o Santo Padre poderia declarar Maria co-redentora, os oponentes anti-católicos têm se tornado ainda mais insistentes (a propósito, foi revelado que tais rumores não têm fundamento). Seja como for, a verdade sobre essa doutrina, ainda que não exista uma definição formal oficial, é definida de maneira imprópria pelos inimigos da Verdade, que querem enxergar como se existisse um outro autor da salvação. Esta, porém, não é a posição católica. Particularmente, a função de Maria é subordinada à de seu Filho. Por causa de sua posição exclusiva como a primeira a ser tocada pelo poder redentor da Cruz de Cristo, sua maternidade imaculada ressoa com a obra salvífica de seu Filho. Ela se ofereceu a Deus como depósito da nossa salvação. Ela estava presente ao Calvário; a dor de seu Filho era a dela. Ela era intimamente ligada a seu Filho na fé, esperança e amor. Poder-se-ia até dizer que ela sofreu uma espécie de martírio durante a Crucificação de seu Filho: a espada profetizada partiu seu coração (cf. Lc 2,35). Sua participação na obra da salvação de seu filho foi única! Além disso, ela continua a desempenhar a função de nossa Mãe espiritual, uma vez que nos foi confiada, aos pés da Cruz, na pessoa de São João evangelista. A Mãe do Redentor tornou-se a Mãe dos Redimidos. Logo, embora em outro nível, somos também chamados a participar na pregação da mensagem e da obra de Cristo.