A g n u s D e i

AS INCALCULÁVEIS "RIQUEZAS" DA IGREJA
Autor: Percival Puggina
Fonte: Livro da Família de 1995, p. 148

É fácil compreender que em séculos de presença temporal, as Dioceses, Ordens e Congregações tenham constituído um amplo patrimônio composto por templos, seminários, escolas, universidades, hospitais e instituições de caridade.

A esse "patrimônio" tão disperso que se torna não-totalizável, se acrescem os bens artísticos contidos no perímetro do Vaticano (44 hectares delimitados pelo Tratado de Latrão, dentro da cidade de Roma).

Cabe indagar: a quem pertencem a Basílica de São Pedro, a Capela Sistina e o conjunto das obras de arte lá expostas a visitação pública? Inalienáveis por disposição da Santa Sé, integram, sob seu zelo e responsabilidade, o patrimônio cultural da humanidade. Ninguém é pessoalmente dono ou herdeiro delas ou dos bens dispersos, convergentes, sempre ao serviço social e religioso dos povos. A principal razão pela qual são "incalculáveis" é não haver para que nem para quem avaliá-los globalmente.

Serão aqueles "tesouros romanos" fonte de grandes receitas? não, são causa de permanentes prejuízos face aos elevados custos de guarda e restauração. Tanto assim que o governo italiano, instado a isso, não os deseja explorar. Como se vê, estamos diante de um importante conjunto de haveres sem dono e sem finalidade econômica (por mais que possa colidir com os costumes atuais a existência de um "ativo" tão passivo).

A situação financeira da Santa Sé, comparada com a de certas seitas modernas, extraordinariamente prósperas, é de penúria. Seu patrimônio total - excluídos os bens dispersos que não estão sob sua jurisdição e os objetos de museu - monta a uns 600 milhões de dólares. E seu déficit anual, por não deixar de prover o sustento das missões espalhadas em todos os continentes, raramente fica aquém de 50 milhões de dólares.

Não deveria a Igreja, ao menos, desfazer-se, para o bem dos pobres, das peças preciosas que em tempos remotos foram postas ao serviço da Sagrada Liturgia? Além de economicamente irrisória e culturalmente perniciosa, essa alienação faria lembrar a alternativa proposta por alguém - a irmã de Lázaro - que ungia o Senhor com precioso perfume. O zeloso "defensor dos pobres", repreendido por Jesus, não era outro senão o avarento Judas...