»» Debates |
X
PROTESTANTISMO FUNDAMENTALISTA
Partes: Carlos Ramalhete (católico) X Mary Schultze (protestante fundamentalista)
Contribuição: A Hora de São Jerônimo - Debate
Caro Prof. Carlos Ramalhete:
Recebi o seu “ramalhete” de perguntas interessantes a respeito da
santa, perfeita e inerrante Palavra de Deus, a Bíblia, que sua Igreja não
considera como Autoridade Final em matéria de fé e prática de vida.
1. Diga-me a razão para aceitar a Bíblia que um muçulmano não poderia...
R. O Corão é um livro escrito e revisado muitas vezes, conforme as necessidades de adaptação do mesmo aos adeptos do Islamismo. A Bíblia é eternamente
inspirada e adaptável a qualquer época e circunstâncias, não precisando, desse
modo, de revisões humanas para se adaptar às realidades presentes. Além do
mais, quem escreveu o Corão foi Maomé, um homem pecador e corrupto e nele foram
feitas várias mudanças, fato reconhecido até por estudiosos islâmicos. Abdolla
Sahr, seguidor do “profeta” fez-lhe muitas sugestões no sentido de melhorar o
Corão mudando frases, adicionando ou tirando algo que não parecesse
convincente, sugestões prontamente aceitas por Maomé. Esse mesmo Sahr acabou
deixando o Islamismo, quando finalmente se convenceu de que se o Corão fosse
realmente um livro inspirado por Deus não precisaria de tantos melhoramentos.
Mais tarde, quando Meca foi conquistada, Sahr foi sentenciado à morte pelo
“profeta” por ter sido considerado um herege... e também porque sabia demais...
(Provavelmente Maomé era guiado pelos mesmos instintos assassinos de alguns
papas do catolicismo, como por exemplo Lotario de Segni, ou Inocêncio III,
1198-1216). Mais tarde Caliph Uthman conseguiu reunir os supostos manuscritos
esparsos, contendo as doutrinas de Maomé, padronizando o Corão, que seria
aceito a partir do seu tempo.
Alguns manuscritos originais foram destruídos, simplesmente porque
havia contradições entre eles (a Igreja Católica tem usado outro expediente em
relação às suas doutrinas: corrompeu os manuscritos bíblicos originais através
de certos pais da igreja (Orígenes, por exemplo) e tem inventado mensagens
recebidas do céu, como a “carta celestial” de Pedro endereçada a Pepino, os
decretos de Isidoro (na antigüidade), e as aparições de Maria nos dois últimos
séculos, sempre em função do lucro material e do aprisionamento das
consciências mal informadas.
Historiadores árabes admitem que, ao contrário de Jesus, que viveu uma vida
reta, pura e santa diante de Deus e dos homens, Maomé era mentiroso,
enganador, ambicioso, trapaceiro, ladrão e assassino (um protótipo do Papa João
XII, ou Jacques Duèse (1316-1334 inventor do escapulário) e do primeiro Papa
João XXIII (Baldassare Cossa, 1410-1415), cujo perfil moral foi detalhado pelo
falecido arcebispo do Rio de Janeiro, D. Jaime de Barros Câmara, em seu livro
“Apontamentos de História Eclesiástica” - Ed. Vozes Ltda., 1942 Petrópolis,
RJ).
Quando comparamos a Bíblia com o Corão notamos logo numerosas
contradições e conflitos irreconciliáveis sobre assuntos de suma importância.
Assim como a Tradição católica tem muitas vezes se chocado contra a Palavra de
Deus, o mesmo acontece com o Corão. Por exemplo, o Corão conta algumas das
histórias bíblicas, porém de um ângulo completamente diferente. A Bíblia diz
que toda a família de Noé foi salva para repovoar a terra após o dilúvio
(Gênesis 7); o Corão diz que um dos filhos de Noé, tendo se recusado a entrar
na arca, pereceu afogado no dilúvio (Sura 11:42,43). Outro exemplo de choque
entre o Corão e a Bíblia é que este confunde Maria, a mãe de Jesus com Miriam
irmã de Moisés (Sura 19:28). Obs.: Admira-me que o Corão não tenha sido
revisado nos últimos oitenta anos, para confirmar que a Maria, que apareceu em
Fátima, cidade batizada com o nome da filha favorita de Maomé, não tenha sido
ainda amalgamada com a Fátima do Corão). O Corão apresenta erros e
contradições com referência à história, lugar, tempo, nomes de personagens
bíblicos, etc. O Corão afirma que o pai de Abraão se chamava Azar (Sura 6:75),
enquanto a Bíblia diz que o seu nome era Terah (Gênesis 19:26,31).
Maomé possuía mente fertilíssima. Inventou discursos fictícios de
personagens bíblicos, usando palavras como “muçulmano” e “islamismo” (Sura 5:3;
61:7; etc), que não existiam nas línguas contemporâneas das pessoas por ele
mencionadas. Obs.: se eu quisesse melhorar o Corão poderia atribuir a Maomé a
seguinte frase: “Maldita cristã M.S., por que você, em vez de pilotar um
computador e acessar a Internet, não vai pilotar um fogão, que é a ocupação
ideal de toda mulher?” Quase todas as palavras atribuídas a Abraão, Isaque,
Jacó, Noé, Jesus e outros, no Corão, são obviamente fraudulentas, por conta da
tradição muçulmana...
A Bíblia declara textualmente que Jesus Cristo é o Filho de Deus (Atos 8:37,
entre outros), porém o Corão nega textualmente a filiação divina de Jesus (Sura
4:171), afirmando que Allah jamais teve um filho!
O Cristianismo está completamente embasado no fato de que Jesus Cristo
morreu na cruz pelos pecados dos homens, e ressuscitou no terceiro dia. O Corão
rejeita essa doutrina-chave, conforme Sura 4:157. Como vemos, muitas das
afirmações do Corão vão de encontro à Bíblia. Cristo ressuscitou e subiu aos
céus, assentando-se à destra do Pai Celestial, segundo as Escrituras (Atos
1:9-11; 1 Coríntios 15:3,4; 1 Pedro 3:22 e outros), enquanto os restos mortais
de Maomé permanecem na sepultura, em Medina, cidade à qual os muçulmanos fazem
peregrinações anuais. Porém, a diferença maior entre o Corão e a Bíblia é que o
Corão prega o extermínio de todos os infiéis e desertores (Sura 4:89 e 5:51),
enquanto a Bíblia prega o amor como o mandamento máximo de Jesus Cristo (Mateus
5:44 e Gálatas 5:14 e outros).
Enquanto o Corão foi escrito por um pecador não regenerado e revisado por
outros na mesma condição, a Palavra de Deus “nunca foi produzida por vontade
de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito
Santo" (2 Pe. 1:21). Ela é a nossa única regra de fé e prática, daí porque
necessitamos de “Sola Scriptura”, sem o concurso do Magistério e da Tradição
de homens, todos falíveis e engajados na conquista de objetivos pessoais.
Se Deus necessitasse do Magistério e da Tradição para conduzir o seu
povo, não teria dito as seguintes palavras:
Brevemente
voltaremos à sua insigne presença virtual, com novos esclarecimentos.
Mary Schultze
Observação: As citações bíblicas acima são uma tradução literal da Versão
Autorizada Bíblia King James, de 1611, embasada nos manuscritos antioquianos,
que mais tarde ficaram conhecidos como Textus Receptus. Ao contrário das
“bíblias” católicas, todas embasadas nos espúrios textos alexandrinos, como o
Vaticanus e o Sinaiticus, a Bíblia King James, mesmo tendo sofrido inúmeros
atentados por parte dos jesuítas, durante quase 400 anos, continua correndo o
mundo e transformando milhões de pecadores perdidos em cristãos salvos somente
através fé em Jesus Cristo. Por tudo isso e muito mais, não posso, nem por um
instante, crer que o Corão tenha sido inspirado pelo Deus da Bíblia.
Esta é uma ligeira resposta ao item nº 1 do seu debate.
Pax Christi!
Finalmente agora tenho tempo para poder responder ao texto de minha contendora
(...).
Esta é uma resposta ao texto que ela enviou como resposta à pergunta seguinte:
Nenhuma destas respostas fornece um motivo plausível para aceitar a Bíblia que
um muçulmano não poderia usar para considerar o Corão inspirado por Deus.
Afinal, todas as respostas enviadas pressupõem a inspiração e inerrância da
Bíblia (que evidentemente não nego, mas que reconheço por razões distintas das
de minha contendora). Um muçulmano responderia pressupondo a inspiração e
inerrância do Corão, exatamente como ela faz com a Bíblia. A crença na
inspiração de um livro, seja um livro realmente inspirado, como a Bíblia, ou um
livro mentiroso como o Corão, não pode ser baseada apenas na autoridade
subjetiva daquele que afirma que o livro é inspirado. Pressupor a inspiração de
um livro é ver-se como autoridade superior ao livro cuja inspiração é
benevolentemente outorgada, pois apenas uma instância superior em veracidade e
inerrância pode atestar a veracidade e inerrância de um material que lhe é
apresentado. Eu reconheço como prova do erro do Corão as suas contradições da
Bíblia; um muçulmano, porém, reconheceria nestas contradições uma prova de que
a Bíblia estaria errada, não o Corão.
Eu, como filho da Igreja, Coluna e Fundamento da verdade (1 Tim 3,15) nego que
a Bíblia seja a única regra de fé e prática do cristão. Minha contendora
objeta, pelas seguintes razões:
A afirmação de que a Bíblia é a única regra de fé e prática do cristão é
contrária à letra e ao espírito da Bíblia.
Afinal, esta afirmação não é encontrada em ponto nenhum da Bíblia. A Bíblia não
apenas não registra esta frase, como também afirma textual e repetidamente a
importância da manutenção da Tradição Oral (2Ts 3,6; 2Tm 1,13; 1Cor 11,2; 2Ts
2,15). O Apóstolo faz menção a seu ensino oral em 2Ts 2,5ss, e a partir desta
menção não considera necessário repetir por escrito o que ensinara oralmente.
Afinal, a palavra de Deus é ouvida, como ele mesmo diz em 1Ts 2,13. Esta
Tradição Oral é chamada Depósito da Fé. São Paulo diz a Timóteo que guarde o
Depósito (em grego, "paratheke" - 1Tm 6,20; 2Tm 1,14), e o transmita (ou
"deposite" - "parathou", em grego) oralmente (2Tm 2,2).
Do mesmo modo, o Senhor manda que seja ensinado tudo o que Ele ensinou (Mt
28,20), e muitíssimo do que Ele ensinou não está contido na Bíblia, que se
fosse conter tudo o que Ele fez cobriria a face da Terra e ainda assim não
bastaria (Jo 21,25).
Do mesmo modo, o Senhor afirma que Pedro ficará até que Ele volte (Jo 21,22).
A Verdade, para ser ensinada a cada geração, deve ter meios infalíveis de
transmissão em sua íntegra. Caso contrário, não se poderia saber o que é e o
que não é Verdade. A própria existência de centenas de milhares de seitas
protestantes concorrentes, cada qual com um credo diferente e todas com a mesma
Bíblia, prova que a Bíblia sozinha não é esta forma de transmissão. Além disso,
o fato de que a imensa maioria da população sempre foi analfabeta até este
século faz da Bíblia um meio menos eficaz de transmissão que a palavra oral.
Ainda há o "pequeno detalhe" da necessidade de copiar a Bíblia manualmente até
a invenção da Imprensa, o que certamente tornaria bastante difícil a difusão da
Verdade se só na Bíblia ela estivesse.
Este meio infalível é a Igreja. Nosso Senhor Jesus Cristo não garantiu a
impecabilidade de cada membro da Igreja; pelo contrário, afirmou-nos que o joio
e o trigo permanecerão juntos até o fim. Ele, porém, garantiu que as portas do
Inferno não prevaleceriam sobre a Igreja. O que são as Portas do Inferno? O
erro, a mentira. A Igreja não consegue pregar como verdade o que é mentira, e
não pode ser destruída. Estas são as garantias divinas, e só estas.
É pela autoridade da Igreja que reconheço a autoridade da Sagrada Escritura.
Coisa bastante diferente é vista no meio protestante; é verdade que é fácil
afirmar: "mas eu não sigo Lutero - que mandou matar milhares - ou Calvino - idem
- ou os puritanos caçadores de bruxas de Massachussets, ou Edir Macedo (que
distribui galhinhos de arruda junto com o jornal em que publica os artigos de
minha contendora, vende óleo de soja 'santo' e arranca todo o dinheiro dos
pobres), ou Jim Jones, ou o 'pastor' que acaba de ser preso por fraude. Sigo a
Bíblia". O único problema é que cada um desses seria considerado "evangélico",
"salvo", etc. Citar pecados alheios como suposta prova do erro dos outros é
fácil, mas não é eficaz. A Igreja jamais pregou que seus membros seriam
impecáveis, muito pelo contrário. Somos todos pecadores, dependentes da
misericórdia de Deus.
O importante, porém, é saber o que é ensinado pela Igreja. A Igreja ensina a
mesmíssima coisa desde Pentecostes. O protestantismo, porém, é levado por cada
vento de doutrina. Lutero inventou o protestantismo, e viu ainda em vida suas
idéias serem rejeitadas por outros protestantes. Hoje em dia é raro encontrar
dois protestantes que não entrem em desacordo acerca de questões essenciais e
básicas, e ambos com a mesma Bíblia debaixo do braço.
Pecadores existem em toda parte, tanto na Igreja quanto fora dela. A Verdade,
porém, é o que importa. E a Verdade está na Igreja.
Note-se porém que o Papa Inocêncio III condenou veementemente os excessos da
guerra de conquista em que se transformou a Cruzada, iniciada apenas depois que
a busca da conversão dos albigenses feita por meios pacíficos ter fracassado.
Ele também é conhecido por sua luta contra a corrupção na Igreja, tendo sido o
patrono e sancionador das primeiras ordens mendicantes (de S. Francisco de
Assis e S. Domingos).
A solução proposta por minha contendora também seria uma negação da Providência
divina: segundo ela a Bíblia digna de confiança é a KJV, ao ponto dela traduzir
desta versão os versículos que usa. Ora, se levarmos às ultimas consequências
suas afirmaçoes, poderíamos dizer que apenas quem lia grego e tinha acesso aos
manuscritos que teriam sido usados nesta tradução pôde conhecer a Verdade
durante o milênio e meio transcorrido da Ressurreição do Senhor até a confecção
desta tradução, e hoje ainda quem não lê inglês não tem acesso à Verdade...
Quanto às aparições marianas, a coisa é bem diferente. Antes de mais nada,
convém lembrar que as aparições marianas (como qualquer revelação particular)
não são objeto de fé cristã; o que a Igreja faz é verificar se elas não são
contrárias à Sã Doutrina, e dar consentimento para publicação. A Igreja não
afirma que nenhuma aparição mariana é legítima.
Nossa Senhora, porém, houve por bem aparecer algumas vezes (a primeira vez a S.
Tiago em Compostela, ainda em vida) para nos prevenir e auxiliar. Suas
aparições são normalmente feitas a crianças ou pessoas simples, e
frequentemente são acompanhadas de milagres testemunhados por multidões,
inclusive por incréus. Se fossem fraudes visando o lucro, como quer minha
contendora, seriam certamente eventos mais "chamativos" que uma pequena
camponesa francesa dizendo que viu "uma moça". Do mesmo modo, os milagres que
acompanham estas manifestações do poder de Deus (posto que é Deus quem permite
e realiza as aparições de Sua Mãe), mais que provados por testemunhas e estudos
realizados por pessoas que não professam a fé católica, são prova da veracidade
do que ocorreu várias vezes.
Afinal, são coisas diferentes do que já havia sido escrito...
Além disso, esta é a única epístola aos Gálatas que conhecemos. Este versículo
é um dos primeiros de seu primeiro capítulo. Aquilo que S. Paulo havia ensinado
aos Gálatas e que ele pede que guardem, portanto, foi-lhes ensinado oralmente.
Ele está neste versículo a admoestá-los para que guardem uma tradição oral
recebida dele.
seu irmão em Cristo,
Carlos
"1 - Por favor, diga-me uma razão para aceitar a Bíblia que um muçulmano não
poderia usar para considerar o Corão inspirado por Deus. "
A longa resposta da Sra. Mary Schultze (está certo, minha verborragia habitual
não me dá autoridade para chamar sua resposta de longa, mas tudo bem) traz
substancialmente como razões:
Respondo-lhe, porém, QUE:
Além disso, minha contendora avançou vários argumentos que julga provarem o
Sola Scriptura. Estes argumentos encontrariam lugar melhor em respostas às
outras quatro perguntas que enviei ("2 - Por favor, diga-me porquê a senhora
aceita apenas uma parte da Bíblia (afinal, a lista de livros que compõem o Novo
e o Antigo Testamento foi determinada ao mesmo tempo - aliás, junto com o
título de Mãe de Deus para Nossa Senhora - e a senhora aceita apenas parte do
Antigo Testamento), e com que autoridade a senhora o faz; 3 - Por favor,
diga-me porque a Bíblia teria precisado de quase 1600 anos para ser entendida
corretamente, se ela é teoricamente algo que qualquer um pode ler e entender; 4
- Por favor, explique como alguém pode saber se entendeu a Bíblia corretamente,
se ele só pode confiar na Bíblia, e em mais nada; afinal existem cerca de
30.000 seitas protestantes no mundo, cada uma entendendo a Bíblia de maneira
diferente e todas achando que estão certas; 5 - Por favor, prove usando apenas
a Bíblia que ela é o que a senhora considera que ela seja - ou seja, a única
fonte de Verdade Revelada, composta pelos livros que a senhora aceita, todos
eles e só eles -; claro que todo mundo sabe que a Bíblia é Palavra de Deus, boa
para o ensino, etc. e tal, mas por favor, tente provar que ela é a única fonte
de Palavra de Deus, composta pelos livros que a senhora aceita, todos eles e só
eles"), mas vejamo-las mesmo assim:
Respondo-lhe, porém, QUE:
Exemplos de ações desonestas destes homens seriam suas acusações de que:
e. a Igreja "corrompeu os manuscritos bíblicos originais através de certos pais
da igreja Orígenes por exemplo"; e
f. "tem inventado mensagens recebidas do céu, como a 'carta celestial' de Pedro
endereçada a Pepino, os decretos de Isidoro (na antigüidade), e as aparições de
Maria nos dois últimos séculos, sempre em função do lucro material e do
aprisionamento das consciências mal informadas."
Esperando a resposta às outras quatro questões,