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CATOLICISMO

X

ATEÍSMO
Partes: Alexandre Semedo (católico) X Rômulo (ateu)
Contribuição: Alexandre Semedo

I

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Estive dando uma olhada na sua página que fala sobre o catolicismo e, permitam-me dizer, vocês simplesmente não conhecem a história da Igreja, o Catecismo da Igreja, a Doutrina da Igreja e, muito menos, a fé da Igreja. Ou seja, vocês ignoram, profundamente, tudo o que diz respeito ao catolicismo e, não obstante, julgam-se com autoridade para comentá-lo. Convenhamos, isto é de uma irresponsabilidade tremenda, pois espalha erros e confusões.

Vocês começam dizendo, "resumidamente", que, para o catolicismo quem faz o bem vai para o céu (talvez passando pelo purgatório) e quem faz o mal vai para o inferno. Ocorre que isto não é catolicismo, é apenas, aquilo que vocês julgam ser o catolicismo. Vai para o céu quem aceita a redenção livremente dada por Cristo em Sua cruz, independente da quantidade de bem ou de mal que tenha feito. As obras humanas apenas cooperam com a graça de Deus, mas é Cristo quem os salva, é ele quem nos tira do profundo da morte. Portanto, o inferno não é uma pena, é simplesmente, uma condição da alma após a passagem deste mundo, privada que estará da visão de Deus.

A afirmação de que se Deus conhece o futuro é porque o mesmo já está pré-determinado é ridícula. Deus conhece o futuro porque, para Ele, tudo acontece conjuntamente, visto que não está limitado às dimensões de espaço e de tempo como nós. Na verdade, o futuro somente existe para nós, pois, para Deus, nada é passado, nada é presente, nada é futuro, todas as coisas simplesmente são ao mesmo tempo. Portanto, a afirmação de que Deus não deveria ter criado aqueles destinados a penar eternamente não apenas é substancialmente errada (ninguém foi criado predestinado ao inferno), mas parte de um princípio absurdo, qual seja, o de que o inferno é pior do que a eterna não-existência. Quem vos falou que ir para o inferno é melhor do que não existir? Percebe-se, nitidamente, o absurdo de se afirmar a injustiça de uma pena eterna para algumas dezenas de anos em pecado. Ocorre que, passado este mundo, não há mais tempo, e não se pode comparar duas grandezas díspares.

Vocês ainda afirmam que a Bíblia proíbe a comunicação com os mortos. Podem me dizer em que lugar? O que a Bíblia proíbe é a consulta aos mortos, é usá-los como oráculo, visto que o único que deve guiar nossas vidas é Deus. Além disto, ao contrário do que vocês disseram, a Bíblia não é o fundamento do cristianismo, pelo menos para nós, católicos. O fundamento do cristianismo é a autoridade da Igreja, e é desta autoridade que nasce a Bíblia.

Dizer que existe contradições bíblicas entre o Novo e o Antigo Testamento é, perdoem-me dizer, um insulto à inteligência. Porque cargas d'água o Antigo Testamento deveria ser igual ao Novo? Ora, se o Novo Testamento inaugura uma nova fase na história de salvação que Deus fez com a Humanidade, então, é óbvio que muitos pontos que valiam antes deixem de ter sua validade, visto que eram meras imagens daquilo que estaria por vir. Se vocês realmente estivessem dispostos a, pelo menos, ouvir o que diz a Igreja, não viriam com um disparate destes. Isto é típico de quem, julgando-se superior em inteligência aos demais, julga também conhecer coisas que os outros não conhecem. Vocês realmente acham que a Igreja já não teria percebido estas pretensas contradições se elas realmente existissem? Afinal, são 2000 anos lendo esta Bíblia (há quanto tempo vocês a lêem?). Você acha que Católicos sinceros não as teriam percebido? Porque a inteligência de vocês seria tão iluminada que veriam o que ninguém mais vê? Insistindo em seus erros, vocês afirmam que se os papas fossem infalíveis, seriam todos eles santos. Aqui, vocês cometem um erro primário, demonstrando bem que desconhecem aquilo que criticam (o que é muito triste, irresponsável e denota uma presunção sem limites). Infalibilidade papal significa que o papa, quando se pronuncia, solenemente, sobre pontos de fé, não pode errar. Nem de longe significa que o papa não comete pecados e erros em sua vida. A infalibilidade diz respeito a pronunciamentos papais, garantindo aos católicos o que é certo e o que é errado em matéria de fé. Pelo amor de Deus, tirem esta bobagem da página que vocês colocaram na WEB! Além disto, o Papa não está pedindo perdão pela Igreja. Esta afirmação revela o profundo desconhecimento teológico de todos os que escreveram esta página, dando a impressão que a única fonte de pesquisa que vocês possuem são os jornais, revistas e telejornais, que desconhecem, no mais das vezes, tanto a Igreja como vocês. Não se fiem tanto nestas fontes. Na verdade, a Igreja, através do Papa, pede perdão pelo erro dos seus filhos, que insistiram, no passado (como no presente ainda insistem) em agir de forma contrária aos seus ensinamentos. A Igreja não erra, erram os homens quando não a seguem.

Sobre a afirmação dos síbolos pagãos usados em nossas cerimônias, a mesma é tão desprovida de sentido que me sinto tentado a não respondê-la. Mas vamos lá! Muitos símbolos católicos vieram do paganismo, o que não quer dizer que são pagãos. Um pagão que se converte é um cristão, não mais um pagão. Um símbolo pagão que passa a significar algo da fé cristã não é mais um símbolo pagão, mas cristão. A nossa língua é pagã (as línguas bíblicas são o hebraico, o aramaico e o grego), mas pode ser usada para anunciar o Evangelho. Da mesma forma um símbolo originariamente pagão pode ser usado para transmitir uma mensagem cristã.

Estes são apenas alguns pontos levantados. Toda a página de vocês é repleta de erros, presunção, arrogância. Como eu disse acima, vocês desconhecem aquilo que criticam. Ou, então, criticam de má fé. Há muitos sites que poderiam ajudá-los a, pelo menos, conhecer a Igreja católica, para que, então sim, pudessem criticá-la. Apenas acho que, conhecendo-a, não acharão maiores razões para críticas.

  • Alexandre