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A FESTA DE CANÁ
José Fernandes Vidal

Maria, convidada ao casamento,
estava presente na festa.
Jesus compareceu com seus discípulos,
qual sopro novo à liturgia antiga.
Festa em família, de parente
do saudoso José? ou de Maria?
Se não, de gente muito amiga.

Pessoas simples. Por certo, pobres,
não puderam sequer estocar vinho.
Ou muito boas, convivas sobravam,
Pois secara o vinho nos odres.
Mas que vexame não seria o deles,
não fora Maria que, de solícita,
notara, a tempo, a amiga aflita.

- Eles não têm mais vinho.

Era Maria falando a Jesus,
como que apenas o pondo ciente
desses cuidados de mulher,
de mulher que compartilhava
da amiga o vexame iminente,
e, tranqüila, contava com Jesus,
seu filho compassivo sempre.

- Que tenho a ver nisso contigo?
Meu tempo ainda não chegou.

Ora, Jesus o pedido entendera,
pois quando uma mãe fala assim!
E não respondera por mal.
Mas o certo era que de seus sinais
a mensagem uma função teria,
tornar presente a Boa Nova do Reino,
não o cuidado humano que a afligia.

- Fazei tudo o que vos disser.

Maria falou - previdente fé,
recomendando Jesus aos serventes.
Ela conhecia o filho que tinha.
E Ele, o filho, também sabia
que, sim, sua mãe se lhe antecipara.
Pois, como acertara no vinho!
Mas pudera, sua mãe era Maria!

Que era falta de bebida somente,
sim, era, todavia, o vinho,
fruto da vide, que teria
sagrada participação no Reino.
E sua bênção ao sacramento novo?
E a fé que sempre o dobraria?
E o pedido inspirado de Maria?

- Enchei de água essas talhas.

Era a esperada ordem aos serventes,
obedecida pressurosamente.
Depois, tal Jesus lhes dissera,
levaram-na ao mestre sala,
que perguntava da água/vinho:
- Este vinho sem precedente,
ao fim das bodas, quem lhes dera?

Foi esse o primeiro sinal do Reino,
nas bodas de Caná - o vinho.
Se a mãe Maria sempre crera,
os discípulos ora haviam visto:
Ele tinha poder divino.
Na sinagoga de Nazaré lera,
Isaías o dissera, era o Cristo.