A g n u s D e i

A PROFECIA
Autor: José Fernandes Vidal

Simeão era decerto um bom velhinho,
nele morava o Espírito Santo.
Não podia descansar, tinha uma missão:
esperava a vinda do Menino.

O Menino foi de sua fé presente,
pois seus pais levaram-no ao Templo
para ser consagrado segundo a Lei.
Simeão lá estava, como sempre.

Logo a quem tudo sustenta, ele sustenta
com corpo cansado, a alma em êxtase,
e ao Menino, aos pais humildes, a seu Deus
proclama sua missão, sua dispensa.

- “Meus olhos já viram Tua Salvação
que deste para todos os povos,
glória de teu povo de Israel.
Agora, dispensa teu servo, Patrão!”

Simeão, meu velho, não podes calar,
e O entregas à mãe, mas não te calas:
- “Quanto a ti, te digo, Maria, prepara-te,
gládio de dor te traspassará.”

Coração de mãe sempre pressente:
Ele, o Ungido, o homem das dores de Isaías?
A ovelha levada ao matadouro!
Essa visão turva-lhe os olhos e a mente.

Profeta, cumpriste tua missão,
tens teu descanso, morres em paz.
Ela, Simeão, ao lar há de voltar,
e dia após dia aflige-a o coração.