A g n u s D e i

AS GLÓRIAS DA VIRGEM MARIA SEGUNDO O TESTEMUNHO DAS SAGRADAS ESCRITURAS
Autores: Udson Rubens Correia e Tirsiley Debora Formigoni Correia

Muitas e grandiosas são as glórias de Maria Santíssima, pelas quais não cessam de propagar e cantar seus louvores todos os seus filhos e aqueles que temem verdadeiramente a Deus. Não apenas os anjos e santos mas também os pecadores glorificam com confiança tão excelsa mãe. Não podia portanto, a Sagrada Palavra de Deus calar-se a respeito da mais sublime de suas criaturas. Apresentaremos portanto - mercê de Deus - um pequeno resumo de como as Sagradas Escrituras exaltam e testemunham a glória de Nossa Senhora.


"Entrando o anjo disse-lhe: 'Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo'" (Lc 1,28)

Eis aqui, testemunhado pelos lábios do anjo Gabriel, o privilégio extraordinário da Imaculada Conceição de Maria e sua santidade perene. Quando a Igreja a chama de "Imaculada Conceição" quer dizer que a mesma desde o momento de sua concepção foi isenta - por graça divina - do pecado original. Se Maria Santíssima tivesse sido gerada com o pecado herdado de Adão ou tivesse qualquer pecado pessoal, o Arcanjo Gabriel teria mentido chamando-a de "cheia de graça". Onde existe "graça transbordante" não coexiste o pecado. Por isso, esta boa Mãe é também chamada pelos seus servos de "Santíssima Virgem". Os santos ensinaram que não convinha a Jesus Cristo, o Santíssimo, ser gerado e nascer de uma criatura imperfeita. Pois ele mesmo testemunha no Evangelho, que não se coloca vinho novo e bom em odres velhos e defeituosos. Eis porque o Criador exaltou Maria a tão grande santidade.

"Doravante todas as gerações me chamarão bem-aventurada" (Lc 1,48)

O Espírito Santo profetiza pelos lábios de Maria, que daquele momento em diante - por decreto Divino - de geração em geração, isto é, para sempre, todos os cristãos a proclamariam de bem-aventurada. Feliz religião essa, entre todas, que mais enaltece e a glorifica. Feliz somos nós, se em nossas vidas, cumprirmos esta vontade do Pai Eterno.

"Donde me vem esta honra de vir a mim a mãe do meu Senhor?" (Lc 1,43)

Isabel, mulher idosa e santa, esposa de Zacarias, mãe de João Batista, desmancha-se em elogios àquela jovem que foi até sua casa para servir! Que lição de humildade a tantos católicos que com sua "sabedoria" (que na verdade é pestífera loucura) evitam tributar à Santa Mãe de Deus os louvores que ela merece, temendo que isto diminua a glória devida a Jesus Cristo. Esquecem então, que a Bíblia mesma ensina, que o louvor dirigido aos pais é grande honra para o filho (cf. Eclo 3,13). Preferem portanto os servos de Maria, em todos os tempos, imitarem o exemplo de Isabel, e com isto serem verdadeiramente seguidores da Bíblia.

"Pois assim que a voz da tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança estremeceu de alegria no meu seio" (Lc 1,44)

Cristo testemunhou sobre João Batista que "dos nascidos de mulher nenhum foi maior que João" (cf. Lc 7,28). Pois bem, este João Batista que Jesus Cristo declara ter sido maior que todos os patriarcas, profetas e santos do Antigo Testamento, ao ouvir a doce voz de Maria "estremeceu de alegria". O Espírito Santo que nele habitava estremece de alegria ao ouvir a Santíssima Virgem! Não é, pois justo, a nós que somos os últimos de todos, "estremecer" de alegria ao ouvir o doce nome de Maria? Feliz religião, que a exemplo de João Batista, não se cansa de se alegrar e cantar os seus louvores, imitando o maior profeta da Antiga Aliança.

"Maria conservava todas estas palavras, meditando-as no seu coração" (Lc 2,19)

Nossa Senhora guardou com amor os testemunhos dos pastores de Belém, como posteriormente guardou as palavras do próprio Cristo (cf. Lc 2,51). Exemplo de perfeita discípula!

"E uma espada transpassará a tua alma" (Lc 2,35)

Uma lança transpassou o coração de Cristo na Cruz. Uma espada de dor transpassou o coração de Maria no Calvário. O Espirito Santo mostra ao profeta Simeão Nossa Senhora intimamente ligada à Jesus Cristo no momento da Sagrada Paixão. Nenhuma criatura naquele dramático momento estava mais intimamente ligada a Jesus que sua Mãe. E junto com o sacrifício redentor de Cristo, como sacrifício expiatório diante de Deus, subiu também aos céus, o doce aroma do sacrifício dolorosíssimo de Nossa Senhora.

"Como viesse a faltar vinho, a mãe de Jesus disse-lhe: 'Eles não tem mais vinho'. Respondeu-lhe Jesus: 'Mulher, isso compete a nós? Minha hora ainda não chegou'. Disse então sua mãe aos serventes: 'Fazei o que Ele vos disser'" (Jo 2,3-5)

Na festa do casamento de Canaã Jesus inicia seu ministério. Ministério aliás composto por pregação e "obras" (milagres). A Santíssima mãe percebe a dificuldade daquela família que podia ter sua festa de casamento comprometida por falta de vinho. A boa Senhora é vigilante e os servos dela sabem que ela vigia sobre eles, mesmo quando não percebem. Jesus afirma claramente que ainda não era o momento para iniciar seu ministério com um prodígio. A Santíssima mãe, conhecendo profundamente o Filho, mesmo diante da recusa, o obriga docemente a antecipar sua missão. E assim, sem discussão, na mais plena confiança, diz aos serventes: "façam o que Ele lhes disser". Assim, aquela que O introduziu no mundo, O introduz no seu ministério. Feliz a família que tiver por mãe esta doce Senhora. Nunca haverá de faltar o vinho da fé, a união e todos os dons e socorros espirituais.

"Disse-lhe alguém: 'Tua mãe e teus irmãos estão aí fora, e querem falar-te'. Jesus respondeu: 'Quem são meus irmãos e minha mãe? (...) Eis aqui minha mãe e meus irmãos. Todo aquele que faz a vontade de meu Pai, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe.'" (Mt 47,49-50)

Somente pertenceremos à Cristo na medida que imitarmos nossa mãe Santíssima. "Quem são meus irmãos e minha mãe?", pergunta o Cristo, e aponta para os seus discípulos: eis aqui a minha família! E doravante somente os que seguirem os exemplos de Maria Santíssima e dos discípulos de Cristo poderão pertencer plenamente à "família de Jesus". Alguns, que não amam a Santíssima Virgem, usam estes versículos contra esta Santa Mãe, tentando convencer-nos que Jesus a teria desprezado neste momento. Esses falsos mestres esquecem que Jesus jamais a desprezaria, conforme testemunha o próprio Espírito Santo: "Apenas o filho insensato despreza sua mãe" (Prov 15,20). E assim, com esta interpretação desastrosa, ofendem não apenas a boa Senhora, como blasfemam contra o Filho de Deus.

"Quando Jesus viu sua mãe e perto dela o discípulo que amava, disse à sua mãe: 'Mulher, eis aí teu filho'. Depois disse ao discípulo: 'Eis aí tua mãe'" (Jo 19,26-27)

São João sozinho aos pés da cruz, representava todos os discípulos. Neste momento Jesus consagra Maria Mãe espiritual dos apóstolos. Mais, João representava também todos os homens e mulheres, de todos os lugares e de todos os tempos, que a partir daquele momento ganham Maria como sua doce mãe espiritual, conforme testemunha o próprio S. João: "(O Dragão) se irritou contra a mulher (...) e sua descendência (seus filhos espirituais), aqueles que guardam os mandamentos de Deus e tem o testemunho de Jesus" (Ap 12,17). Maria Santíssima não teve outros filhos naturais. Permanecendo sempre virgem, como é do conhecimento de toda a antigüidade cristã até os nossos dias, verdade que nem Lutero duvidou. Mas muitos não-católicos insistem em presenteá-la com filhos que ela não teve. Este versículo acima prova isto, pois se Jesus tivesse outros irmãos, não teria entregue sua Mãe para João Evangelista levar para casa e dela cuidar, mas seus próprios irmãos naturais cuidariam dela como era dever sagrado naquela época e ainda hoje. Além disso, citam aqueles que não amam a Virgem Maria algumas passagens bíblicas como a seguinte: "Não se chama a sua mãe Maria e os seus irmãos Tiago, José, Simão e Judas?" (Mt 13,55), querendo, com isto, provar que Nossa Senhora tivesse outros filhos naturais. Esquecem - ou fingem esquecer - que nos tempos de Cristo, todos os parentes se chamavam "irmãos" entre si. E a própria Bíblia prova isto, pois dos quatro "irmãos" acima citados, lemos que a verdadeira mãe de Tiago e José era Maria de Cleofas (cf. Mc 15,40). E que Judas, autor de uma epístola, era irmão de Tiago (cf. Jd 1,1). E que entre os dois apóstolos com o nome de Tiago, um era filho de Alfeu e outro de Zebedeu (cf. Mt 10,2-4). Ou seja, ninguém era filho natural de Maria e José. Eram de sua parentela, mas não de sua filiação. Além disso, os primeiros cristãos, que conheceram Jesus e os apóstolos, nos escritos que nos deixaram, todos testemunharam que Maria sempre permaneceu virgem, não tido jamais outros filhos. Sobre estes inventores de novidades, que roubam filhos da Igreja Católica, atacando a Maria nossa mãe, nos adverte a própria Escritura quando diz: "Haverá entre vós falsos profetas (...) muitos seguirão as suas doutrinas dissolutas (...) e o caminho da verdade cairá em descrédito" (2Ped 2,1-2).

"E desta hora em diante o discípulo a levou para a sua casa" (Jo 19,27)

Daquela hora em diante, S. João levou a Santa Mãe para sua casa. Primeiramente, para sua "casa" espiritual, sua alma. Depois, para sua casa física, seu lar. Assim também, o verdadeiro servo de Maria, a exemplo de S. João, deve levar esta boa mãe não apenas para a sua casa, onde sua presença é recordada por quadros e imagens, mas também para a sua casa interior, onde repousa sua verdadeira vida.

"Todos eles perseveravam unanimemente em oração, juntamente com as mulheres, entre elas Maria, mãe de Jesus, e os irmãos dele" (At 1,14)

No cenáculo, no dia de Pentecostes, Maria juntamente com os discípulos intercediam para que viesse o Espírito Santo sobre todos. E assim foi fundada a Santa Igreja Católica naquele bendito dia. Maria uma vez tendo introduzido o Cristo no mundo, depois tendo inaugurado seu ministério nas bodas de Canaã, agora intercede, introduzindo e inaugurando a ação do Espírito Santo sobre a Igreja nascente.

"Apareceu em seguida um grande sinal no céu: uma Mulher revestida de sol, a lua debaixo dos seus pés e na cabeça uma coroa de doze estrelas" (Ap 12,1)

No Apocalipse, João contempla nesta visão as realidades da Assunção de Nossa Senhora, sua glorificação bem como sua maternidade espiritual. De fato, a Bíblia testemunha que esta mulher "estava grávida e (...) deu à luz um Filho, um menino, aquele que deve reger todas as nações..." (Ap 12,2.5). Qual mulher que, de fato, esteve grávida de Jesus senão a Santíssima Virgem? Outros poderão contestar, dizendo que esta mulher é símbolo da Igreja nascente. Mas, a Igreja nunca esteve "grávida" de Jesus Cristo! Antes, foi Cristo que gerou a Igreja, foi ele que a estabeleceu e a sustenta. Em outro lugar lemos claramente: "O Dragão, vendo que fora precipitado na terra, perseguiu a Mulher que dera à luz ao Menino" (Ap 12,13). Essa Mulher deu à luz à uma criança, um menino. A Igreja teria dado à luz a Jesus Menino? Evidente que não! Portanto, esta mulher refulgente é Nossa Senhora, pois foi ela que gerou "um menino". Diz a Sagrada Escritura que: "(O Dragão) deteve-se diante da Mulher que estava para dar à luz (...) para lhe devorar o Filho (...) A Mulher fugiu para o deserto, onde (...) foi sustentada por mil duzentos e sessenta dias" (Ap 12,4.6). De fato, o demônio maquinou contra a vida de Jesus Menino desde seu nascimento, na figura do perseguidor Herodes. Maria fugiu então com o filho para o deserto (representado pelo Egito) onde ficou por aproximadamente mil e duzentos e sessenta dias (três anos e meio), ou seja do ano 7 aC, ano provável do nascimento de Jesus, até março-abril do ano 4 aC, ano da morte de Herodes, perfazendo, portanto, os tres anos e meio de exílio, nos quais foi "sustentada" pela Providência Divina.

Portanto, de maneira geral, estes versículos confirmam primeiramente a assunção de Nossa Senhora, pois o apóstolo contempla seu corpo glorioso já nos céus. Prova incontestavelmente sua realeza espiritual, pois a mesma se apresenta coroada com doze estrelas, símbolo das doze tribos de Israel e dos doze apóstolos; portanto, Rainha do Antigo e do Novo Testamento. E se o próprio Deus a coroa e a estabelece como rainha do céu, quem somos nós para negar a ela esta realeza também na terra? Por fim, confirma sua maternidade espiritual pois diz o Espírito Santo: "(O Dragão) se irritou contra a Mulher (Maria) e foi fazer guerra ao resto de sua descendência (seus filhos espirituais), os que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus" (Ap 12,17).

A "descendência" de Maria começou no Calvário com S. João e continua por todos os séculos. Somos de sua descendência apenas se nos comprometermos com o Cristo Jesus, guardando os seus mandamentos e testemunhando-o como nosso Senhor e Salvador.