A g n u s D e i

JOSÉ
Autor: José Fernandes Vidal

      Descendência de Davi,
      instrumento da promessa do Messias, José, o justo.
      Ele apenas ouviu Deus no coração,
      e acreditou em Maria,
      noiva sua, não tocada,
      a florir em si a encarnação divina, fato não visto,
      apenas esperado na fé de um povo:
      Virgem Mãe do Ungido, o Cristo.

        Hoje cremos porque ouvimos
        a Boa Nova de Jesus,
        recebemos a infusão do Espírito e a luz.
        Não assim José que acreditou porque
        a experiência do divino acolheu:
        "- José, filho de Davi,
        não temas receber Maria, tua esposa,
        o que nela foi gerado vem de Deus."

      Em Mateus, a linhagem do Rei Davi conclui assim:
      "Jacó foi pai de José,
      ele, esposo de Maria,
      da qual nasceu Jesus, o Cristo chamado."
      José, nesse honroso quase anonimato,
      desses mistérios tiveste parceria:
      do Reino Novo,
      da Incarnação, da Redenção de nós todos.

        Sim, zelaste por Jesus, ao desterro o conduziste
        e o subtraíste à sanha dos potentados:
        "- Levanta-te, toma o menino e sua mãe, refugia-te no Egito."
        Tempos depois, a Nazaré os trouxeste,
        um lar simples lhes deste, onde foram amados,
        levaste-os ao Templo
        e cuidaste de Maria no silêncio.
        Foi isso e só.

      Não sabemos teu retrato. Que eras carpinteiro, sim.
      "- Não é filho do carpinteiro José?"
      Que eras justo, sim: - "José, como era justo..."
      Saíste de cena discretamente.
      Como eras, digno José?
      Nunca, nunca falaste nos Evangelhos, jamais te ouvimos.
      De passagem apareces
      só em Lucas e em Mateus, e assim somente.

        José, um sombreado no quadro divino,
        foste o que é a obra de Deus, ação anônima.
        És consolo da multidão dos sem nome, filhos de Deus.
        Eles vivem neste mundo
        humildemente,
        sem filosofias, sem êxitos, nada,
        santidade só velada,
        que dizem o sim ao Pai, tão simplesmente.

      Não foi sem razão, sem emoção, quem sabe?
      Que o Filho um dia clamou sua Boa Nova e
      primeira : "- Felizes os pobres em espirito,
      deles é o Reino dos Céus."
      José, agora bem sabes,
      única, formaste uma tríade de amor
      divino-humana:
      Jesus, Maria e você,

        MEU SÃO JOSÉ.