A g n u s D e i

BALADA DO PRÓXIMO
Autor: José Fernandes Vidal

Descia um peregrino a Jericó,
mas que má sorte a sua, pois logo
despojado e ferido por bandidos,
jazia ao solo e o espreitava a morte,
na margem do caminho,
de Jerusalém para Jericó,
rara gente indo ou vindo,
vejam que sorte a sua, pois logo
aparecia vindo um sacerdote,
que compassivamente,
sendo servo de Deus o ajudaria,
mas o que aconteceu?

Vendo o peregrino, fez que não viu,
a sorte vai e vem,
como o vento e a morte,
nas redondezas, sempre,
vejam que ela já volta, pois logo
desce o caminho bom jovem levita,
ora esse com certeza,
conhece a lei escrita,
socorro prestará, é moço e forte,
o que? que desatino?

Vendo o peregrino, fez que não viu,
mas que má sorte a sua, pois logo
é um samaritano,
na estrada se aproxima,
trotando em apressada montaria,
riso escarninho no ricto da morte,
o infeliz será sua companhia,
quem vem é inimigo,
certo é não o importe judeu ferido,
mas que foi que se deu?

Pois logo o trote estaca,
quem corria, acorre ao necessitado,
pensa-lhes as feridas,
e o põe na montaria com carinho,
e o vai levando para ser tratado,
escapa o peregrino,
mas que sorte, quem diria, pois logo
em samaritano acha caridade,
que nele viu o próximo
do mandamento máximo.
Na brisa que se ia, se foi a morte,
vejam que boa sorte.