Vendo o peregrino, fez que não viu,
a sorte vai e vem,
como o vento e a morte,
nas redondezas, sempre,
vejam que ela já volta, pois logo
desce o caminho bom jovem levita,
ora esse com certeza,
conhece a lei escrita,
socorro prestará, é moço e forte,
o que? que desatino?
Vendo o peregrino, fez que não viu,
mas que má sorte a sua, pois logo
é um samaritano,
na estrada se aproxima,
trotando em apressada montaria,
riso escarninho no ricto da morte,
o infeliz será sua companhia,
quem vem é inimigo,
certo é não o importe judeu ferido,
mas que foi que se deu?
Pois logo o trote estaca,
quem corria, acorre ao necessitado,
pensa-lhes as feridas,
e o põe na montaria com carinho,
e o vai levando para ser tratado,
escapa o peregrino,
mas que sorte, quem diria, pois logo
em samaritano acha caridade,
que nele viu o próximo
do mandamento máximo.
Na brisa que se ia, se foi a morte,
vejam que boa sorte.