Dentre as minhas tantas conversas com nosso irmãos separados, eles sempre alegam que a Lista dos livros da Bíblia Católica está errada, pois, segundo eles, "os católicos adulteraram a lista colocando 7 livros apócrifos (chamados "Deuterocanônicos" pelos católicos no Sixto de Sena) para justificar suas práticas idolatras".
Partindo da idéia protestante acima é que iremos avaliar se há verdade em tal argumento.
Cânon: vem de "cana", mas é empregado no sentido de "doutrina", "norma" que rege a vida (Gl 6,16). A Igreja também utiliza o termo para indicar a "relação", ou "lista" dos livros que são inspirados por Deus e que servem de "norma" da fé, de "base e critério" para o ministério da pregação e do ensino no caminho da Justiça (cf. 2Tm 3,14-16). Lembremos, de antemão, que em harmonia com a Bíblia há também a Tradição da Igreja. Juntas, elas constituem a Palavra de Deus.
Segundo a Tradição dos Judeus da Palestina, a coleção dos "Livros Sagrados" concluiu-se no Tempo de Esdras e Neemias (v. Lc 16,29; 24,27.44; At 13,15).
Em Ne 8,1.13-14.18; 1Mc 12, 9; 2Mc 2, 13-15; Dn 9,2, dá a entender que, em seu respectivo tempo, já existia uma coleção de livros que eram colecionados e considerados inspirados por Deus.
O Evangelista Lucas menciona a Bíblia usando a seguinte divisão: "A Lei de Moisés, os profetas e os Salmos" para significar a Bíblia inteira do AT (cf. Lc 16,29; 24,27.44; At 13,15). No prólogo do livro do Eclesiástico em grego, pelos anos 132 ou 130 a.C., informa que os livros sagrados se dividem em : "A Lei, os Profetas e os outros escritos".
Somente por volta do ano 100 d.C. é que os Judeus se pronunciaram oficialmente sobre o cânon dos livros considerados inspirados. Isto ocorreu no sínodo de Jâmnia. A cidade de Jâmnia se situa na fronteira de Judá (Js 15,11), a atual Yebna, a 19 km ao sul de Jafa. No Talmud, Jâmnia era centro de cultura judaica, para onde fugiram muitos sábios judeus logo após a queda de Jerusalém (70 d.C.).
Os rabinos que se reuniram em Jamnia, seguiram os seguintes critérios para definir os cânon da Bíblia Hebraica:
Segundo eles, estes livros foram escritos depois de Esdras – Neemias, em grego, fora da Palestina e estariam em desacordo com a Lei de Moisés...
Desse modo, a Bíblia Hebraica contém um cânon de 39 livros chamado "cânon curto" ou "Palestinense", adotado pelos judeus até os nossos dias.
a. A TRADUÇÃO DOS LXX
Por detrás desses critérios, estava o desejo de pôr de lado os escritos do Novo Testamento (Cartas de Paulo, Evangelhos, etc.), que já eram lidos e respeitados pelas comunidades com a mesma veneração e valor que se davam aos escritos do Antigo Testamento.
Porém, os judeus da Diáspora (=dispersão dos judeus), em Alexandria (Egito), com o desejo de ensinar seus filhos na Tradição dos Pais, precisavam de uma "tradução" dos livros sagrados do Hebraico para o grego. Na época, o grego era a língua comum (koiné) entre o povo fora da Palestina.
Quem pediu essa tradução foi Ptolomeu II Filadelfo (283-246 a.C.), que desejava ter uma tradução dos livros sagrados na sua grande biblioteca que fundou em Alexandria.
Foram enviados 72 peritos, 6 de cada uma das 12 tribos, para fazerem a Tradução. No prólogo do Eclesiástico (1,24) menciona o rei Evergetes. Este rei é Ptolomeu VII Evergetes (v. 38). A pedido desse rei, o Eclesiástico foi traduzido para o grego, pelo ano 132 ou 130 a.C. Assim estabelecemos o período da Tradução dos LXX (250 a 130 a.C.).
Na Tradução dos LXX estavam inclusos os 7 livros (Tobias, Judite, Sabedoria, Eclesiástico, Baruc, 1 e 2 Macabeus), que depois seriam rejeitados pelos Rabinos em Jâmnia.
A Bíblia dos LXX, conhecida também como SEPTUAGINTA, é composta de 45 ou 46 livros, com a divisão dos livros de Jeremias e Lamentações. Ficou conhecida como "cânon longo" ou "Alexandrino", escrito em grego.
b. OBSERVAÇÕES PARTICULARES
Jesus e os seus Apóstolos adotam em suas pregações a tradução alexandrina; esta parece constituir o Antigo Testamento de Jesus e seus discípulos.
Se verificarmos as 350 citações bíblicas no NT, 300 são tiradas da tradução dos LXX. São citações implícitas de Deuterocanônicos no Novo Testamento:
A Igreja, cabeça de Cristo e sucessora dos Apóstolos, continua preservando o mesmo cânon, que nos foi dado por Cristo e pelos Apóstolos.
Em todos os pronunciamentos oficiais da Igreja sobre o cânon dos livros inspirados, aparece sempre a tradição dos LXX, quando ela determina: "Estes livros devem ser aceitos como sagrados e canônicos na sua integridade total e em suas partes" (Denz. 1809).
Vejamos alguns dos pronunciamentos Oficiais da Igreja sobre a lista dos Livros Inspirados:
Observando a história da Igreja desde o Concílio de Jerusalém (At 15) e olhando a lista dos Concílios acima, entende-se o que seja Tradição...
O termo canônico significa que um dado livro é reconhecido pela Igreja como Inspirado e pertencente, por essa causa, ao cânon Bíblico.
No Sixto de Sena (1520- 1569), introduziu-se as seguintes terminologias para os livros canônicos:
No século XVI os "reformadores" protestantes, seguidores de Lutero, reassumiram a posição dos judeus de Jâmnia, e recusaram os sete livros Deuterocanônicos. Essa atitude foi iniciada por KARLSTADT em 1520. Lutero adotou tal atitude e colocou os Deuterocanônicos em apêndice sob o título de "apócrifos".
CONCLUSÃO
São estas as razões que fazem a Bíblia protestante diferente da Bíblia Católica (embora ainda hajam os erros de tradução na Bíblia deles). Para eles, como para os Judeus, o AT é composto de 39 livros.
Os protestantes rejeitaram os 7 livros provavelmente porque os católicos citavam-nos para defender certas doutrinas como: