A g n u s D e i

ONDE ESTÁ A LUZ DOS FILHOS?
por: Maurício Uzêda

"Vós sois o sal da terra; se porém, o sal se tornar insípido, com o que se há de restituir-lhe o sabor? Para nada mais serve senão para ser lançado fora e ser pisado pelos homens. Vós sois a luz do mundo... Brilhe do mesmo modo a vossa luz diante dos homens, a fim de que vendo suas boas obras, glorifiquem vosso Pai que está nos céus." (Mt 5,13-14a.16)

Mas onde está a luz dos filhos da Luz em nosso tempo? Quais são os frutos dos ramos unidos à videira? Que boas obras são essas?

Qual é a luz de que Cristo nos fala?! Quais são os frutos de que Ele nos fala?! Que sal será esse?!

Jesus curou a muitos, livrou endemoinhados, ressucitou alguns mortos, mas será que eram esses os bens que queria distribuir? Não será que havia algo mais importante para nos transmitir do que livrar os homens de suas penas e dar-lhes conforto material? Não será que a dor não é um mal absoluto, e sim o pecado?!

Será que estamos realmente dando frutos e sendo luz se nos preocupamos única e exclusivamente com o conforto e o bem estar material de nossos irmãos desfavorecidos? É óbvio que isto faz parte dos frutos que Ele espera de nós, mas será isso o mais importante, ou só isso? Em que consiste a verdadeira caridade?

Sem dúvida, apesar de todo o progresso nestes vinte séculos, a humanidade continua a sofrer dores físicas e morais, privações e injustiças; mas não será que o mal maior de nossos tempos é a falta de Deus nas almas de homens e mulheres, não apenas em suas lembranças e em suas palavras? Será, pois, que a nossa ação deve se concentrar única e exclusivamente em diminuir a pena dos que sofrem? Será, ainda, que a luz pode estar em ensinar aos que sofrem injustiças à se insurgirem contra os que os oprimem? Será que a perseguição de que Cristo falava se refere somente à perseguição aos que denunciam a injustiça. Ou será que não é também a perseguição aos "filhos da Luz" que se misturam aos "filhos das trevas" em todas atividades, procurando evitar que corrompam nossas consciências e de nossas famílias ( Ex.: através dos meios de comunicação, introduzindo em nossos lares uma vida sem Deus)?

Não percebemos que o bem maior que Jesus nos deixou foi a sua Graça?

Sim, a graça é o maior bem que temos para dar, mas se a temos. Percebemos que este é o sal com que temos que salgar a sociedade? Sim, essa deve ser a nossa luz! Como vamos dar o que não temos?!

Nos preocupamos com o nosso estado de graça que nos mantém unidos à Videira? Será que percebemos quando o perdemos, não por grandes pecados, mas sim por um constante e sutil afastamento das virtudes que vai minando nossas forças e nos leva ao afastamento da vida espiritual, da vida da Graça ( a falta de paciência com os outros, a ira expressa no trânsito, a inveja na vida social, a preguiça e o horror ao sacrifício que nos impedem de sermos generosos com Deus, a permissividade com ataques a pureza de nossos corações e de nossas consciências, a falta de respeito com o direito do próximo, a irresponsabilidade e a voluntária ignorância com as verdades da Fé que são a base de nossa devoção, a falta de amor expressa na pressa e nas indelicadezas com Jesus na Eucaristia...)? Quantas vezes procuramos o sacramento da Penitência (Confissão), mesmo que não tenhamos mais que pequenas faltas, para ganharmos a força da Graça e termos mais luz? Nos preocupamos em receber Jesus na Eucaristia com preparo e devoção para conseguirmos mais graça nessa união, e assim termos mais sal? Temos a certeza de que sem a Graça, sem luz, sem sal, sem união à Videira, toda nossa ação é infrutífera, podendo ser nada mais que pura filantropia?

Nos preocupamos com a alma de nosso próximo? Quantas vezes procuramos levar nossos amigos e parentes à confissão, num verdadeiro apostolado pela reconversão de suas almas? Nos preocupamos também com uma cruzada para não somente combater os "filhos das trevas" mas também para convertê-los? Rezamos por tal conversão?

Não é essa a verdadeira caridade: levar aos outros, antes de tudo, o nosso maior Bem?

Onde estão os nossos frutos?! Onde está a nossa luz?! Onde está o nosso sabor?!

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