1Deus concedeu ao homem a faculdade de raciocinar, e Ele deseja que a utilizemos. Existem duas maneiras de abusar dessa faculdade. Uma é não utilizá-la. Caso típico da pessoa que não aprendeu a usar a razão é, por exemplo, o daquela que toma por verdade todas as opiniões que lê nos jornais e revistas ou o que ouve nas novelas. Deslumbra-o a simples opinião dos prestigiados pela mídia, aceitando ingenuamente as mais extravagantes e infundadas afirmações dada por quem não tem nenhuma formação.
2No outro extremo está aquele que faz da sua razão um autêntico Deus. É aquele que não crê em nada que não veja e compreenda por si mesmo, ou seja, as verdades são aquelas formuladas por ele mesmo. Nada é verdade a não ser que ele assim o ache. Não é que recuse qualquer verdade que se baseie na autoridade: crerá cegamente na autoridade dos cientistas ainda que não entenda suas teses. O que lhe causa repulsa é a palavra "autoridade" quando se refere à Igreja. Vê com desdém aqueles católicos que respeitam as declarações da Igreja, em sua autoridade.
3Para um católico que raciocina, a aceitação das verdades da fé deve ser uma aceitação inteligente. O católico instruído considera suficiente as claras evidências:
O homem de fé, pelo uso da razão, pode ver com clareza satisfatória que a Igreja Católica possui este atributos de autoridade, infalibilidade e indefectibilidade.
4Não é raro hoje em dia que a Igreja Católica (em seus Bispos e na figura do Papa) seja criticada por seu "autoritarismo", por ser governada "de cima", ao invés de ser governada "de baixo". Ora a resposta é que a Democracia é algo maravilhoso em matéria de política. A vontade da maioria pode enganar-se, e, muito mais, a de seus representantes, como bem o experimentamos nos últimos anos. Na medida em que seus erros só costumam dizer respeito a assuntos "deste mundo", geralmente podem ser corrigidos sem que o dano produzido seja irreversível. Mas quando o que está em jogo são os direitos de Deus, os deveres do homem para com Deus e a salvação eterna das almas, então não se pode admitir nem a menor margem de erro, porque nestas matérias os erros já não podem ser corrigidos. Por isso, no que diz respeito à Fé e à Moral, Deus preferiu tomar as rédeas em suas próprias mãos, através de seu representante, o Santo Padre, aliás também nomeado por Ele mesmo. E, para o caso de alguém ainda não estar convencido, basta pensar que, sendo infinito, Deus, sozinho, já é maioria...
"Apascenta meus cordeiros, ...apascenta minhas ovelhas" (Jo 21,16) - 5Sim, esta é a missão confiada pelo Senhor a Pedro e a seus sucessores: dirigir e cuidar dos outros pastores que regem o rebanho do Senhor, confirmar na fé o povo de Deus, velar pela pureza da doutrina e dos costumes, interpretar - com a assistência do Espírito Santo - as verdades contidas nas Escrituras. Por isso não deixarei de vos trazer à memória estas coisas, embora estejais instruídos e confirmados na presente verdade. Pois tenho por dever, enquanto habito nesta tenda, manter-vos despertos com minhas exortações,... (2Pd 1,12-15).
6O amor ao Papa é sinal do nosso amor a Cristo. E este amor e veneração devem manifestar-se na petição diária pela sua pessoa e por suas intenções.
7É um amor que deve exprimir-se com maior intensidade em determinados momentos: quando os ataques dos inimigos da Igreja se tornam mais duros, quando as normas morais que o Papa recorda ou precisa, suscitam dúvidas, críticas, conflitos com nosso próprio modo de vida e rebeldias no seio dos próprios católicos. É aí que deve ser provada a nossa fé. No nosso amor à autoridade do Papa, como filhos obedientes que acreditam em seu pai, o Doce Cristo na terra, como dizia Sta. Catarina de Sena. Um amor ativo que supõe não somente a aceitação amorosa de seus "lembretes", que não têm outra intenção que não a de guiarnos e manter-nos no rumo certo, preservando nossas consciências e nossas almas, mas que supõe também a defesa do Santo Padre contra todos os ataques à sua pessoa ou a seus ensinamentos, de todas as formas cabíveis, cada um dentro de suas possibilidades.
Podemos nos deparar com situações em que nossa fé e nossa devoção nos indiquem que algo não vai bem. Podemos sentir a necessidade de alertar nossos bispos sobre algum ponto não considerado em alguma decisão de governo (lembremo-nos que os Bispos receberam a missão de governar), mas nunca em matéria de Fé e Moral. Dirigir exortações a eles, talvez, quando uma intensa oração filial assim nos indicar, mas, como Santa Catarina de Sena, sempre com humildade e respeito pela dignidade com que estão revestidos, pois são "ministros do sangue de Cristo"8.
Peçamos à Maria que interceda por nós junto a seu Filho, para que aumente a nossa fé e que nos dê a sabedoria de sempre fazer bom uso de nossa razão, acatando com amor a autoridade de nosso pastor na terra. Com as palavras de Santa Catarina de Sena, peçamos a Nossa Senhora: "A ti recorro Maria! Ofereço-te minha súplica pela Doce Esposa de Cristo (a Igreja) e pelo seu Vigário na terra, a fim de que lhe seja concedida luz para governar a Santa Igreja, com discernimento e prudência"9.