A g n u s D e i

O PERFUME DE DEUS
por: Roberto Ednísio

"Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre" (Lc 1,42). Foi assim que o Espírito Santo se alegrou e saudou, através de Isabel, a sua esposa Maria, demonstrando sua grandeza e mostrando o verdadeiro lugar deste lírio cheiroso que entre as espinhas duras nos faz sentir a essência de Deus.

Envolvida, pois, pelo Espírito ela adquiriu características exclusivas de Deus, daí poder afirmar que Maria é a prefiguração ou a "encarnação"1 da própria ação do Espírito, visto que seu exemplo de santidade, ternura e serviço é resultado desta imaculada união e concepção.

"Filho, eis a tua mãe" (Jo 19,27), com estas palavras o próprio Jesus a confiou ao apóstolo que representa todos os filhos de Deus e, principalmente, àqueles que como João amavam a mãe de Deus.

Tida muitas vezes apenas como "máquina" de intercessão, Maria não recebe o seu culto verdadeiro como Mãe da Igreja. Ao tratarmos Maria com simples "rogai, intercedei..." não estamos reconhecendo a grandeza de Maria. Uma mãe deve ser saudada, amada e respeitada e não, simplesmente, explorada.

A Igreja primitiva já cultuava Maria, mesmo sem saber que Ela foi concebida sem pecado e continuou virgem após o parto, por isso não temos com que questionar o culto a Virgem Mãe.

No seu sim dito a Deus, ela se jogou nos braços do Pai como criança e tornou-se bem-aventurada porque acreditou (Lc 1,45) e porque contribui, fundamentalmente para o início do plano de salvação de Deus. Como prova maior disso temos o Magnificat (Lc 1,46-56) em que ela relata as maravilhas e a libertação de Deus para com seu povo.

Ela soube ser bem-aventurada não só por ser a mãe do Salvador, mas também por viver e praticar a vontade de Deus (Mc 3,31-35), ela soube igualar a glória de rainha à humildade de serva aliando a sua passiva disponibilidade à sua ativa prontidão.

Foi também a mulher do silêncio que soube guardar todas as coisas no coração inclusive a espada que lhe traspassara o peito, ou seja, o sacrifício da cruz.

Com sua assunção ao céu, Maria tornou-se ícone escatológico da Igreja, visto que Deus mostrou através Dela como será o destino daqueles que caminham retamente segundo os olhos do Senhor.

Em virtude de sua cooperação singular com a ação do Espírito Santo, a Igreja gosta de rezar em comunhão com a Virgem Maria, para exaltar com Ela as grandes coisas que Deus realizou nela e para confiar-lhe súplicas e louvores (CIC 2682).

"Regina in caelum assumpta, ora pro nobis."


1"Encarnação" no sentido de que ela agia conforme o Espírito lhe inspirava.
(Escrito por ocasião da Festa da Assunção de Nossa Senhora)

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