A g n u s D e i

ABORTO, SIM. POR QUE NÃO?
por: Roberto Ednísio

Somos, hoje, levados a refletir sobre essa questão moral muito séria que tramita no Congresso Nacional e invade, através dos meios de comunicação, os nossos lares.

Segundo o dicionário Aurélio, abortar significa: fazer desaparecer, não ir avante.

Fugindo um pouco da questão social, porém conscientes da posição da Igreja que nos fala que a vida humana deve ser respeitada e protegida de maneira absoluta a partir do momento da concepção e que o aborto direto é - quer dizer, como um fim ou como um meio - gravemente contrário à lei moral (CIC 2270s) e trazendo para uma questão mais espiritual e interior, poderíamos nos questionar: Por que não abortar os pecados existentes dentro de nós?

O pecado é uma falta contra a razão, a verdade, a consciência reta; é uma falta ao amor verdadeiro, para com Deus e para com o próximo, por causa do apego perverso a certos bens (CIC 1849). E como o objetivo do aborto é fazer desaparecer "algo" não desejado, não há nada mais nocivo e adequado que o pecado para ser morto antes de vingar.

O pecado cria uma propensão ao pecado; gera o vício pela repetição dos mesmos atos. Disso resultam inclinações perversas que obscurecem a consciência e corrompem a avaliação concreta do bem e do mal (CIC 1865).

Assim o pecado torna os homens cúmplices uns dos outros, faz reinar entre eles a concupiscência, a violência e a injustiça. Os pecados provocam situações sociais e instituições contrárias à bondade divina. As "estruturas de pecado" são a expressão e o efeito dos pecados pessoais. Induzem suas vítimas a cometer por sua vez, o mal. Em sentido analógico constituem um "pecado social" (CIC 1869).

Pecados sociais, esses, que estão nas filas dos hospitais públicos, das escolas públicas, no nosso clima, no desrespeito ao direito de viver das pessoas que apesar de já terem nascido, trabalhado e até se aposentado são também vítimas de tentativas de "aborto" pela sociedade globalizante e neoliberal.

Como mensagem de esperança, no entanto, São Paulo fala-nos que "Deus encerrou todos no pecado para a todos fazer misericórdia" (Rm 11,32) e Santo Agostinho complementa: "Deus nos criou sem nós, mas não quis salvar-nos sem nós".

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