A g n u s D e i
NOVO CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
Parte IV - A Oração Cristã
- A ORAÇÃO NA VIDA CRISTÃ
A oração, segundo São João Damasceno, é a elevação da alma a Deus ou o pedido a Deus dos bens convenientes. Deus chama incansavelmente toda pessoa ao encontro misterioso com Ele. A oração acompanha toda a história da salvação como um apelo recíproco entre Deus e o homem; assim vemos com Abraão, Jacó, Moisés, Davi, os profetas... A obra-prima da oração no Antigo Testamento são os Salmos: rezados e realizados em Cristo, são um elemento essencial e permanente da oração de sua Igreja, adequados aos homens de qualquer condição e tempo.
- NA PLENITUDE DO TEMPO...
No Novo Testamento, o modelo perfeito da oração consiste na oração filial de Jesus: implica uma adesão amorosa à vontade do Pai até a Cruz e uma confiança absoluta de ser ouvida. Jesus ensina seus discípulos a orar com o coração purificado, com fé viva e perseverante, com audácia filial, apresentando seus pedidos a Deus em seu Nome.
- NO TEMPO DA IGREJA
O Espírito Santo, que ensina a Igreja e lhe recorda tudo o que Jesus disse, a educa também para a vida de oração. Oramos a todo momento, por todos os motivos: "Por tudo dai graças" (1Ts 5,18). Oramos para bendizer, para suplicar, para interceder, para louvar e em ação de graças.
- A TRADIÇÃO DA ORAÇÃO
São fontes da oração a Palavra de Deus, a liturgia, as virtudes da fé, a esperança e a caridade. É o Espírito Santo que ensina os filhos de Deus a orar. Em geral, dirigimos a oração ao Pai ou a Jesus, sobretudo invocando seu Santo Nome; também invocamos o Espírito Santo como Mestre interior da oração, pois "ninguém pode dizer que Jesus é o Senhor a não ser no Espírito Santo" (1Cor 12,3). A Igreja também reza em comunhão com a Virgem Maria, em virtude de sua cooperação singular com a ação do Espírito Santo. Na oração a Igreja peregrina associa-se aos santos, cuja intercessão solicita. Os lugares mais favoráveis para a oração são o oratório pessoal ou da família, os mosteiros, os santuários e, sobretudo, a igreja, que é o lugar próprio da oração litúrgica para a comunidade paroquial e o lugar privilegiado da adoração eucarística.
- AS EXPRESSÕES DA ORAÇÃO
A Igreja convida os fiéis a uma oração regular: orações diárias, liturgia das horas, Eucaristia dominical, festas do ano litúrgico... Pela oração vocal, associamos o corpo à oração interior do coração, assim como Jesus fez ao ensinar o "Pai-Nosso" a seus discípulos; pela meditação, o orante põe em ação o pensamento, a emoção, o desejo, para se apropriar do assunto meditado confrontando-o com a realidade de sua vida; pela oração mental, participamos do Mistério de Cristo, unindo-nos à sua oração, como expressão simples e silenciosa do mistério da oração.
- O COMBATE DA ORAÇÃO
A oração supõe um esforço e uma luta contra nós mesmos e contra as armadilhas do Tentador, sendo inseparável do combate espiritual. Várias tentações se lançam contra os momentos de oração: a distração, a aridez, a experiência dos nossos fracassos, as concepções errôneas, a falta de fé, a acídia (semelhante ao desânimo), as diversas correntes da mentalidade... Mas o remédio está na fé, na conversão e na vigilância do coração. Devemos rezar sempre que possível, por ser uma necessidade vital. "Orai sem cessar" (1Ts 5,17): oração e vida cristã são inseparáveis!
- A ORAÇÃO DO PAI-NOSSO
É o resumo de todo o Evangelho, a mais perfeita das orações. É, assim, a oração da Igreja por excelência, sendo parte integrante das grandes horas do Ofício Divino e dos sacramentos de iniciação cristã: batismo, confirmação e eucaristia.
- "PAI NOSSO QUE ESTAIS NO CÉU"
Podemos invocar a Deus como Pai porque assim nos revelou seu Filho e já que, pelo batismo, passamos a ser filhos de Deus. A expressão "que estais nos céus" não designa um lugar, mas a majestade de Deus e sua presença no coração dos justos. O céu, a Casa do Pai, constitui a verdadeira pátria para onde nos dirigimos e à qual já pertencemos. Seguem-se os sete pedidos: três que glorificam o Pai e quatro que Lhe apresentam nossos pedidos:
- "SANTIFICADO SEJA O VOSSO NOME"
Com este pedido, entramos no plano de Deus, a santificação de seu Nome (revelado a Moisés, depois em Jesus), por nós e em nós, bem como em toda nação e em cada ser humano.
- "VENHA A NÓS O VOSSO REINO"
Com este pedido, a Igreja tem em vista, principalmente, a volta de Cristo e a vinda final do Reino de Deus, rezando também pelo crescimento do Reino de Deus no "hoje" de nossas vidas.
- "SEJA FEITA A VOSSA VONTADE, ASSIM DA TERRA COMO NO CÉU"
Com este pedido, rezamos ao nosso Pai para que una nossa vontade à do seu Filho, a fim de realizar seu plano de salvação na vida do mundo.
- "O PÃO NOSSO DE CADA DIA NOS DAI HOJE"
Ao dizermos "nos dai", exprimimos, em comunhão com nossos irmãos, nossa confiança filial em nosso Pai do céu. O "pão nosso" designa o alimento terrestre necessário à subsistência de todos nós e também o Pão da Vida: a Palavra de Deus e o Corpo de Cristo. É recebido no "hoje" de Deus, como alimento indispensável, superessencial do Banquete do Reino que a Eucaristia antecipa.
- "PERDOAI AS NOSSAS OFENSAS, ASSIM COMO PERDOAMOS A QUEM NOS TEM OFENDIDO"
Este pedido implora a misericórdia de Deus para nossas ofensas, misericórdia que só pode penetrar em nosso coração se soubermos perdoar os nossos inimigos, a exemplo e com a ajuda de Cristo.
- "E NÃO NOS DEIXEIS CAIR EM TENTAÇÃO"
Aqui, pedimos a Deus que não nos permita trilhar o caminho que conduz ao pecado. Este pedido implora o Espírito de discernimento e de fortaleza, e solicita a graça da vigilância e a perseverança final.
- "MAS LIVRAI-NOS DO MAL"
Neste último pedido, solicitamos a Deus, junto com a Igreja, que manifeste a vitória já alcançada por Cristo sobre o "Príncipe deste Mundo", Satanás, o anjo que pessoalmente se opõe a Deus e ao seu plano de salvação.
- "AMÉM"
Pelo amém, exprimimos nosso "faça-se" em relação aos sete pedidos anteriores: "que assim seja!"
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