A g n u s D e i

NOVO CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
Parte II - A Celebração do Mistério Cristão

  1. A PARTICIPAÇÃO DA SANTÍSSIMA TRINDADE
    Na liturgia da Igreja, Deus Pai é bendito e adorado como a fonte de todas as bênçãos da criação e da salvação, com os quais nos abençoou em seu Filho, para dar-nos o Espírito da adoção filial. A obra de Cristo na liturgia é sacramental porque o seu mistério de salvação se torna presente nela mediante o poder do seu Espírito Santo; porque o seu Corpo, que é a Igreja, é como que o sacramento (sinal e instrumento) no qual o Espírito Santo dispensa o mistério da salvação; porque através das suas ações litúrgicas, a Igreja peregrina já participa, em antegozo, da liturgia celeste. A missão do Espírito Santo na liturgia da Igreja é preparar a assembléia para encontrar-se com Cristo; recordar e manifestar Cristo à fé da assembléia; tornar presente e atualizar a obra salvífica de Cristo pelo seu poder transformador e fazer frutificar o dom da comunhão na Igreja.

  2. O OBJETIVO DOS SACRAMENTOS
    Os sacramentos são sinais eficazes da graça, instituídos por Cristo e confiados à Igreja, através dos quais nos é dispensada a vida divina; produzem fruto naqueles que os recebem com as disposições exigidas. O Espírito Santo prepara para a recepção dos sacramentos através da Palavra de Deus e da fé que acolhe a Palavra nos corações bem dispostos.

  3. A MISSA
    A celebração litúrgica comporta sinais e símbolos cujos significados se tornam portadores da ação salvadora e santificadora de Cristo. A Liturgia da Palavra é parte integrante da celebração; o canto e a música expressam a beleza da oração, a participação da assembléia e o caráter sagrado da celebração; as imagens, as quais veneramos, destinam-se a despertar e a alimentar nossa fé no mistério de Cristo. O domingo é o dia da celebração eucarística por ser o dia da ressurreição do Senhor. A Igreja desdobra todo o mistério de Cristo durante o ano, nos ciclos de Natal e Páscoa; celebrando a memória dos santos em dias fixos durante o ano litúrgico, a Igreja manifesta que está unida à Liturgia Celeste. O culto público deve ser celebrado em igrejas.

  4. A LITURGIA
    A liturgia deve exprimir a cultura do povo ao mesmo tempo em que deve gerar e formar cultura. As diversas tradições litúrgicas (ritos), legitimamente reconhecidos, manifestam a catolicidade da Igreja. O critério que garante a unidade na pluralidade das tradições litúrgicas é a fidelidade à Tradição Apostólica, ou seja, a comunhão na fé e nos sacramentos recebidos dos Apóstolos, comunhão esta assegurada pela sucessão apostólica.

  5. OS SACRAMENTOS
    Os sacramentos são sete: Batismo, Confirmação, Eucaristia, Penitência, Unção dos Enfermos, Ordem e Matrimônio. Dão à vida do cristão origem e crescimento, cura e missão, existindo certa semelhança entre as etapas da vida natural e as da vida espiritual.

  6. O BATISMO
    O Batismo constitui o nascimento para a vida nova em cristo, sendo necessário para a salvação e para introduzir o fiel como membro da Igreja. O rito essencial consiste em mergulhar na água ou derramar água sobre a cabeça do fiel, invocando a Santíssima Trindade ("em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo"). O Batismo confere as seguintes graças: remissão dos pecados, inclusive o pecado original; nascimento para uma vida nova, tornando-nos filhos adotivos do Pai; incorporação à Igreja, tornando-nos participantes do sacerdócio de Cristo. Por imprimir na alma um sinal espiritual permanente que consagra o batizado ao culto da religião cristã, torna-se impraticável e impossível o rebatismo. Aqueles que morrem em defesa da fé, os catecúmenos e os homens que cumprem a vontade de Deus mesmo sem conhecer a Igreja, podem se salvar mesmo não tendo sido batizados. Desde os primórdios da Igreja, o Batismo é administrado às crianças por ser graça e dom de Deus que não supõe méritos humanos; quando uma criança morre sem ser batizada, devemos orar e confiar na misericórdia divina. Qualquer pessoa pode batizar em caso de necessidade, desde que tenha reta intenção de fazer o que faz a Igreja e que derrame água sobre a cabeça do candidato, dizendo: (nome), eu te batizo em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo".

  7. A CONFIRMAÇÃO
    A Confirmação, conforme At 8,14-17, aperfeiçoa a graça batismal, sendo o sacramento que nos dá o Espírito Santo e, assim, permita que nos enraizemos mais profundamente na filiação divina, apegando-nos mais a Cristo e à sua Igreja, ajudando-nos a testemunhar a fé cristã pela palavra e pelas obras. Da mesma que Batismo, a Confirmação só pode ser administrada uma única vez já que imprime na alma do cristão um sinal espiritual ou caráter indelével. Para que um candidato recebe a Confirmação, deve ter atingido a idade da razão, professar a fé, estar em estado de graça, ter intenção de receber esse sacramento e estar devidamente preparado para ser testemunha e discípulo de Cristo, na comunidade e na vida social. O rito essencial consiste na unção com o óleo da crisma sobre os órgãos dos sentidos, com a imposição das mãos do bispo e as palavras "Recebe o selo do dom do Espírito Santo". Nas Igrejas Orientais, costuma a ser administrado imediatamente após o Batismo, seguido da participação na Eucaristia, demonstrando a estrita unidade entre esses três sacramentos.

  8. A EUCARISTIA
    A Eucaristia é o centro e o ponto mais alto da vida da Igreja, já que nesse sacramento Cristo associa sua Igreja e todos os seus membros a seu sacrifício de louvor e ação de graças oferecido de uma vez por todas na cruz, nesse sacrifício que derrama as graças da salvação sobre toda a Igreja. Através do ministério dos sacerdotes, o próprio Cristo, sumo-sacerdote, oferece o sacrifício eucarístico, estando Ele próprio presente sob as espécies do pão e do vinho, que são as oferendas do Sacrifício Eucarístico e sobre as quais é invocada a bênção do Espírito Santo, pelo pronunciamento das seguintes palavras por um sacerdote validamente ordenado: "Isto é o meu Corpo entregue por vós... Isto é o cálice do meu Sangue...". Durante a consagração, dá-se a transubstanciação do pão e do vinho no Corpo e Sangue de Jesus, isto é, sob as espécie consagradas do pão e do vinho está presente o próprio Cristo, vivo, glorioso, de maneira real, verdadeira e substancial, com sua alma e divindade. Todos os fiéis devem comungar pelo menos uma vez ao ano. Ninguém que tenha consciência de ter cometido pecado mortal poderá comungar sem antes confessar seus pecados. Logo, para receber esse sacramento, é necessário estar em estado de graça. Uma vez que o próprio Cristo está presente no Santíssimo Sacramento, recebe, por direito, culto de adoração, como prova de amor e gratidão para com Nosso Senhor Jesus Cristo.

  9. A PENITÊNCIA
    Pelo sacramento da Penitência, recebemos o perdão dos pecados cometidos após o batismo. Quem peca, fere a honra e o amor de Deus, atingindo sua dignidade de filho de Deus e a saúde da Igreja. Nenhum mal é mais grave que o pecado, pois traz consequências para o pecador, para a Igreja e para todo o mundo. Pela graça do Deus misericordioso, quer quer a nossa salvação, é necessário pedirmos esse sacramento de reconciliação, que demonstra nossa conversão e arrependimento pelos pecados cometidos. Para se alcançar a reconciliação com Deus e sua Igreja, o pecador deve confessar ao sacerdate todos os seus pecados graves ainda não confessados após prévio e cuidadoso exame de consciência. A penitência imposta ao pecador visa reparar os males causados pelo pecado, restabelecendo os nobres atos que se espera do autêntico discípulo de Cristo. Somente o sacerdote tem autoridade para absolver os pecados em nome de Cristo. Através das indulgências, os fiéis podem alcançar para si ou para as almas do Purgatório (comunhão dos santos) a remissão das penas temporais.

  10. A UNÇÃO DOS ENFÊRMOS
    Pela unção dos enfêrmos, o cristão que passa por dificuldades inerentes ao estado de saúde ou velhice recebe uma graça especial, principalmente quando está em perigo de morte. É um sacramento que pode ser recebido várias vezes pelo cristão e é administrado com óleo consagrado por presbíteros ou bispos, com a unção da fronte e das mãos do doente. Por esse sacramento, o doente entra em comunhão com Cristo e sua Igreja, obtém conforto, paz e coragem para enfrentar os sofrimentos da doença ou velhice e o perdão dos pecados, caso o doente não puder recebê-lo pelo sacramento da Penitência.

  11. A ORDEM
    Todos os fiéis são chamados a participar do sacerdócio de Cristo, no entanto, apenas algumas pessoas têm vocação e são chamadas para se dedicar exclusivamente ao serviço do Reino de Deus, junto a seu Povo, através do ensinamento, do culto divino e do governo pastoral. O sacramento da ordem é conferido pela imposição das mãos, seguida de solene oração consecratória que pede a Deus as graças do Espírito Santos para que o ordinando possa exercer seu ministério, motivo pelo qual, imprime um caráter indelével, significando que o sacramento somente pode ser conferido uma única vez. Desde as origens, existem três graus de ministros ordenados: os diáconos, os presbíteros e os bispos. Os diáconos não recebem o sacerdócio ministerial, mas podem exercer importantes funções no culto divino, do governo pastoral, do ministério da Palavra e do serviço da caridade. Os presbíteros estão unidos aos bispos e administram comunidades paroquiais ou outras funções eclesiais. Além disso, administram os sacramentos, com exceção da ordem e da confirmação. Os bispos, além de poderem administrar todos os sacramentos, recebem o governo de certa Igreja particular (diocese).

  12. O MATRIMÔNIO
    Pelo matrimônio, um homem e uma mulher constituem entre si uma comunidade de vida e amor, ordenado ao bem dos cônjuges, além da geração e educação dos filhos. Como sacramento, concede aos esposos a graça de amarem-se com o mesmo amor com que Cristo amou sua Igreja. São essenciais no matrimônia a unidade, a indissolubilidade e a abertura à fecundidade, motivo pelo qual a poligamia é totalmente incompatível com o sacramento. O lar cristão é o primeiro lugar em que os filhos recebem o anúncio da fé, razão pela qual também é chamado de "Igreja doméstica".

  13. OS SACRAMENTAIS
    Os sacramentais são sinais sagrados instituídos pela Igreja, para preparar nos homens o recebimento dos frutos dos sacramentos e também santificar as diferentes circunstâncias da vida. Existem diversos sacramentais, mas os mais importantes são as bênçãos (que louvam a Deus por suas obras e dons) e a intercessão da Igreja, para que os homens possam usar os dons de acordo com o Evangelho. Além da liturgia, a vida cristã se nutre de formas variadas da piedade popular, enraizadas em suas diferentes culturas; a religiosidade popular é favorecida pela Igreja desde que exprima um instinto evangélico, tenha sabedoria humana e enriqueça a vida cristã.

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