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SEGUNDA CARTA CLEMENTINA
Autor: Atribuída a São Clemente de Roma
Tradução: Carlos Martins Nabeto

b. CONFESSAR A CRISTO E TEMER A DEUS

III. A obrigação de confessar a Cristo

Vemos, pois, que Ele nos dedicou uma grande misericórdia; primeiramente, porque nós que aqui vivemos não sacrificamos aos deuses mortos, nem lhes rendemos culto, mas por meio d'Ele, chegamos a conhecer o Pai da Verdade. Que outra coisa é este conhecimento que Ele nos deu, senão o de não negar Aquele por meio de quem O reconhecemos? Sim, Ele mesmo disse: "Aquele que me confessar, Eu também o confessarei diante de meu Pai". Esta é, portanto, a nossa recompensa, se verdadeiramente confessarmos Aquele por meio de quem alcançamos a salvação. Porém, quando O confessamos? Quando fazemos o que Ele disse e não desobedecemos aos seus mandamentos, e não apenas O honramos com os nossos lábios, mas também com todo o nosso coração e toda a nossa mente. Pois bem, Ele também diz em Isaías: "Esse povo me honra com os lábios, mas seu coração está longe de Mim".

IV. A verdadeira confissão de Cristo

Portanto, não adianta chamá-Lo apenas de "Senhor", pois isso não nos salvará; eis que Ele disse: "Nem todo que me chama 'Senhor, Senhor' será salvo, mas aquele que opera a justiça". Assim pois, irmãs, devemos confessá-Lo em nossas obras, amando-nos uns aos outros, não cometendo adultério, não falando mal dos outros, não tendo ciúmes, mas sendo moderados, misericordiosos e bondosos. Com estas obras, e não com outras, podemos confessá-Lo. Não precisamos temer aos homens, mas a Deus. Por isso, se fizerdes estas coisas, o Senhor dirá: "Ainda que estejais junto de meu próprio seio, se não cumprirdes os meus mandamentos, Eu os arremessarei para longe e direi: 'Apartai-vos de mim, operários da iniqüidade, estejam onde estiverem'."